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Guedes critica trabalho da IFI e Salto rebate citando reconhecimento internacional

Para o ministro, o instituto tem 'trabalhado muito mal', com 'previsões muito fracas'; diretor executivo afirmou que 'crítica técnica é bem-vinda, mas não ataque institucional'

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Foto do author Eduardo Laguna
Por Amanda Pupo (Broadcast) e Eduardo Laguna (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Em audiência no Congresso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou abertamente o trabalho realizado pela Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, uma espécie de "cão de guarda" das contas públicas, responsável por fazer estimativas independentes em relação ao governo.

Ao ser questionado sobre a previsão da entidade sobre a atividade econômica deste ano, Guedes afirmou que a IFI tem "trabalhado muito mal", com "previsões muito fracas", e provocou o Senado a repensar o comando do instituto. 

Em audiência no Congresso, Guedes criticou abertamente o trabalho realizado pela IFI do Senado Federal. Foto: Edu Andrade/ME

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"IFI disse que íamos furar teto no primeiro ano, que íamos furar teto no segundo, que a relação dívida/PIB ia chegar em 100%. Eu acho que o IFI tem previsões muito fracas, tem trabalhado muito mal. Acho até que o Senado deveria rever um pouco quem lidera o IFI, que aparentemente é economista que tem errado dez em cada dez", afirmou o ministro a senadores, durante audiência de comissão que acompanha as ações de enfrentamento à pandemia.

O diretor executivo da IFI, o economista Felipe Salto, rebateu as críticas do ministro citando o reconhecimento internacional da instituição. Salto se pronunciou nas redes sociais e disse lamentar o ataque pessoal feito pelo ministro. Para ele, o ato revela "aversão ao contraditório".

"Trabalho sem descanso para construir a IFI, com equipe enxuta", disse o diretor executivo, destacando ainda que "o trabalho do instituto é reconhecido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), mercado, setores do governo, academia, imprensa e Congresso".

Segundo Salto, o conselho diretor da IFI publicará uma nota rebatendo a questão das projeções criticada por Guedes. "Crítica técnica é bem-vinda, mas não ataque institucional. Pessoas passam, instituições ficam. Democracia é assim. Trabalhamos para consolidar a IFI, inovação trazida pelo Senado em 2016." 

Previsões

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Ao ser questionado sobre previsões para o PIB, Guedes também relembrou que o FMI chegou a prever uma queda próxima a 10% da economia brasileira em 2020. Ao fim, a economia recuou 4,1%. Foi o maior recuo anual da série histórica, iniciada em 1996. A queda interrompeu o crescimento de três anos seguidos, de 2017 a 2019.

Diante desse quadro, o ministro afirmou que prefere não arriscar previsões, mas sim trabalhar para que o Brasil saia o mais rápido possível da crise. "Eu à época disse que quem segue os modelos matemáticos, quando há choques dessa natureza, todos os parâmetros acabam, modelos acabam prevendo com grandes erros, porque há enorme instabilidade", afirmou o ministro, que disse aplicar às previsões da secretaria do próprio governo o "mesmo ceticismo" em relação às demais previsões.

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