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Guedes diz que Bolsonaro está 'determinado' em tocar reformas estruturais

Ministro da Economia disse também que Brasil vai 'surpreender o mundo' com sua dinâmica política, mas que retomada das atividades será devagar

Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Idiana Tomazelli e Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje que o presidente Jair Bolsonaro está “determinado” a continuar com as reformas estruturais. Em live promovida pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Guedes voltou a traçar um prognóstico positivo para a recuperação da atividade econômica após o momento mais dramático dos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

“O presidente está determinado a seguir em frente (com reformas), e Congresso é reformista”, disse Guedes, logo após dizer que o Brasil vai “surpreender o mundo” com sua dinâmica política. No mês passado, Bolsonaro disse que a reforma administrativa deve ser enviada apenas no ano que vem e defendeu uma versão “enxuta” da reforma tributária. Hoje, o ministro da Economia disse que a reforma administrativa ainda está na pauta, mas não se comprometeu com datas de envio da proposta. “Voltaremos (ao assunto) ainda neste governo”, afirmou.

Guedes disse que marco do saneamento foi apenas o começo. Foto: Marcos Corrêa/PR

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Em seu diagnóstico para a retomada, Guedes disse que se o governo e o Congresso trabalharem fortemente nos próximos três ou quatro meses, haverá um cenário “muito favorável” para o ano que vem. “Aí sim podemos dizer que recuperação será em V”, afirmou o ministro, reconhecendo que seria um V mais aberto (refletindo uma retomada um pouco mais lenta), “mas ainda em V”.

Guedes admitiu que houve “semanas muito difíceis” em que o crédito não estava chegando na ponta, apesar das ações para garantir liquidez às empresas nesse momento de dificuldade. No entanto, ele afirmou que as medidas foram aprimoradas e que “nos próximos 60, 90 dias, o dinheiro terá chegado”.

O ministro afirmou que a retomada das atividades precisa ser devagar para respeitar protocolos de saúde, mas garantiu que o governo não vai “ficar parado”. “Nosso Congresso vai avançar com reformas que permitem destravar horizonte de investimentos. Saneamento é só o começo”, disse.

Investimentos públicos

O ministro da Economia voltou a criticar a defesa de aumento intenso dos investimentos públicos para impulsionar a retomada da economia e disse que “tudo bem” fazer um programa de investimentos públicos “moderados”. A fala vem após o chamado Plano Pró-Brasil de retomada ter gerado atrito entre a Economia e o Ministério do Desenvolvimento Regional, que desejava um plano mais amplo de investimento com recursos do governo.

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Como mostrou o Estadão/Broadcast, em junho, Guedes e o ministro Rogério Marinho selaram uma trégua e acertaram um plano mais enxuto de obras para ajudar na recuperação da economia sem inviabilizar o ajuste fiscal. A conversa ocorreu após quase dois meses sem que os dois se falassem.

"Chamar de pró-brasil um programa de investimentos moderados, dentro do orçamento, que possam mobilizar investimento público, tudo bem”, disse o ministro da Economia durante a live da Abdib.

Guedes disse não simpatizar com a ideia de um plano de desenvolvimento de longo prazo. “Vamos fazer o PAC da Dilma de novo? Quebrar o Brasil mais ainda?”, questionou. “O plano é fazer mais (minha) casa minha vida, procurar mais três ou quatro rios para fazer transposição? Se agora tem coronavírus, só falta um PAC novo pra gente empacotar de vez”, emendou o ministro.

Guedes voltou a dizer que a retomada será puxada pelo setor privado. “Quem vai investir? O mundo inteiro, não é o setor público brasileiro.”

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