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Guedes diz que bancos públicos se perderam em falcatruas para ajudar 'amigos do rei'

Ministro da Economia e o presidente Jair Bolsonaro participaram de cerimônia de posse de novos dirigentes de instituições financeiras nesta segunda-feira, no Palácio do Planalto

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Foto do author Aline Bronzati
Por Fabrício de Castro , Eduardo Rodrigues , Julia Lindner e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, nesta segunda-feira, 7, em evento de posse dos novos presidentes dos bancos públicos, que o dirigismo econômico corrompeu a política brasileira e travou o crescimento econômico. Segundo ele, os presidentes das instituições terão de enfrentar distorções no crédito estatal que, afirmou, foi alvo de fraudes que serão reveladas quando o novo governo abrir a "caixa-preta" desses bancos.

Na manhã desta segunda, o presidente Jair Bolsonaro já havia publicado mensagem semelhante em sua rede social. Ele e o ministro participaram da solenidade de posse dos presidentes do Banco do Brasil, Rubem Novaes, BNDES, Joaquim Levy, e Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, no Palácio do Planalto.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, no Palácio do Planalto Foto: Dida Sampaio/Estadão

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"O mercado de crédito está estatizado. Quando o BNDES recebe aportes para fazer projetos econômicos estranhos, para ajudar os mais fortes. Nós liberais não gostamos e achamos que isso é uma transferência perversa de recursos", afirmou. "A Caixa foi alvo de saques, fraudes e assaltos ao dinheiro público. Isso ficará óbvio mais à frente, na medida que essas caixas-pretas forem analisadas."

Segundo o ministro, os bancos públicos se perderam "em associações com piratas privados, políticos corruptos e algumas criaturas do pântano" e será missão dos novos presidentes das instituições impedir isso.

"Houve transferência de renda em falcatruas, para alianças políticas, para ajudar amigos do rei, empresários que chegam perto do poder econômico", afirmou. "O povo brasileiro cansou de assistir esse desvirtuamento, usando a máquina de crédito do Estado." 

Para Guedes, não há problema em subsidiar o crédito para as classes mais pobres, mas não se pode usar isso como desculpa para desvirtuar o funcionamento dessas instituições.

"A estatização do crédito reduz os recursos à disposição da economia. Sobra menos para o Brasil com juros absurdos. O juro para o povo brasileiro vai pra lua, enquanto há outro juro baratinho. Esse tipo de distorção que os presidentes irão enfrentar", afirmou.

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Em seu discurso, Bolsonaro reafirmou que quer tornar públicos todos os contratos dos bancos estatais, incluindo a sua gestão e de seus antecessores. "Não podemos permitir qualquer cláusula de confidencialidade pretérita", ressaltou.

Ele disse que tem orientado os "jovens" que estão à frente da política econômica a atuarem sob o lema "transparência acima de tudo", em referência ao slogan do seu governo. 

"Todos os nossos gastos terão de ser abertos ao público, e o que ocorreu no passado também. Aqueles que foram a essas instituições porque eram amigos do rei buscar privilégios não serão perseguidos, mas atos tornar-se-ão públicos", declarou.

Caixa venderá até R$ 100 bilhões em securitização de crédito imobiliário

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O novo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que pretende vender de R$ 50 bilhões a R$ 100 bilhões em securitização, no mercado financeiro, para que a instituição continue a atuar no mercado imobiliário.

"É fundamental discutir mais a parte imobiliária. Hoje, temos problemas de funding (financiamento). Venderemos de R$ 50 bilhões a R$ 100 bilhões no mercado financeiro, cinco a dez vezes mais do que foi feito em toda a história", afirmou.

Segundo ele, a Caixa tem 93 milhões de clientes e é o quinto maior banco do mundo em clientes. Guimarães citou ainda três determinações do presidente Jair Bolsonaro para sua administração: "Não podemos errar; mais Brasil, menos Brasília; e o legado a ser deixado".

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Guimarães afirmou que a Caixa tem R$ 40 bilhões em dívidas em Instrumento Híbrido de Capital e Dívida (IHCD) e que ela será paga por meio da venda de participações em empresas controladas. "Pelos menos duas serão este ano", pontuou. "Queremos também a participação dos funcionários. É fundamental."

Ele anunciou que, nas próximas 27 semanas, "estaremos sábado e domingo em Estados do País. Vamos começar por Roraima e Amazonas". O objetivo é ouvir das pessoas o que elas pensam da Caixa. "Sábado vamos ouvir clientes. Domingo, vamos às comunidades carentes", disse. "O microcrédito hoje está a 22% ao mês. Queremos devolver cidadania às pessoas", disse. "A Caixa não vai fazer sozinha. Vamos fazer via Banco do Nordeste, via Banco do Brasil. Nosso foco são comunidades carentes, onde temos impacto relevante."

Emocionado ao discursar, Guimarães afirmou que espera mudar a vida das pessoas. "Se conseguir, daqui a 20 anos, olhar que o que fiz mudou a vida de milhões de pessoas, serei uma pessoa muito feliz", disse.

Joaquim Levy diz que BNDES vai depender menos do Tesouro

O novo presidente do BNDES, Joaquim Levy, afirmou que pretende revisar a contabilidade do banco de fomento para depender menos de recursos do Tesouro Nacional.

“Queremos continuar ajustando o balanço do banco, como organizamos nossas contas. Queremos adequar o balanço que hoje depende em uma proporção exagerada - mas menos que era há quatro anos - dos recurso do Tesouro. Isso tem de ser corrigido para haver adequado retorno de capital”, avaliou, na cerimônia de posse de presidentes de bancos públicos. Segundo Levy, o Tribunal de Contas da União (TCU) tem dado o suporte para essas adequações.

Levy afirmou que o BNDES prestou grandes serviços ao País e precisa continuar respondendo às expectativas da nação. “Estamos na antessala de um novo ciclo de investimentos em uma economia mais aberta, mais vibrante e com mais espaço para o setor privado e o mercado de capitais”, acrescentou.

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Segundo o novo presidente do BNDES, o papel do banco vai contribuir nesse ambiente com o desenvolvimento de novas ferramentas e novas formas de trabalhar em parceria com o mercado privado.

“Não será surpresa que a gente continue combatendo patrimonialismos e distorções que são uma trava ao crescimento do País, à justiça e à equidade. Isso tem de continuar mudando, evitando também o voluntarismo. As ferramentas têm de ser a transparência e a ética no setor público. Assim teremos mais liberdade, mais concorrência e mais crescimento”, concluiu.

Presidente do BB afirma que administração será transparente

O novo presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, prometeu "uma administração transparente, eficiente e honrada, contribuindo para reverter o atual quadro do País." Em um breve discurso, durante cerimônia de posse dos bancos públicos, disse que trabalhou "como um soldado" desde o início da campanha de Jair Bolsonaro.

“O País passou por grandes desgraças, mensalão, petrolão, crise da segurança, recessão terrível, parecia que o povo brasileiro estava desesperançado, jovens promissores e empresários falando em deixar o país. Hoje, temos responsabilidade enorme em reverter esse quadro e fazer com que os brasileiros voltem a se sentir honrados”, afirmou Novaes.

O executivo disse ainda que espera poder contribuir nesse esforço do governo no seu “pequeno nicho”. “Tive oportunidade de conhecer funcionários e dirigentes do BB no período de transição. Terei uma equipe eficiente para levarmos a cabo nossas responsabilidades. A Administração deve ser eficiente, transparente e honrada. Com a equipe que estamos montando, objetivos serão plenamente alcançados no BB.”

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