Guedes diz 'ter certeza' que denúncias de corrupção não vão atingir Bolsonaro

Segundo ministro da Economia, o presidente 'não chega nem perto de conversa furada'; em evento virtual organizado por Abílio Diniz, Guedes disse ainda que tem 'energia infinita' para continuar no cargo

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Por Eduardo Rodrigues e Idiana Tomazelli
3 min de leitura

BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira, 1, “ter certeza” de que nenhuma denúncia de corrupção na compra de vacinas contra a covid-19 irá atingir o presidente Jair Bolsonaro.

“O presidente Bolsonaro não entra em conversa furada e corrupção. Ele não dá nem espaço para esse tipo de conversa. Acho até bom se pegarem uma coisa errada, pega logo e vamos tirar. Eu conheço a conduta do presidente em uma base diária. Não existe nem espaço para abrir uma conversa torta, não chega nem perto”, afirmou, em evento virtual organizado pelo empresário Abílio Diniz.

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Segundo Guedes, há gente tentando “fazer negócio” em volta do governo. “Tem gente o tempo todo entrando pela janela, pela chaminé, embaixo do tapete, querendo fazer coisa errada”, completou. 

O ministro considerou ainda que se sentiria muito frustrado se o governo de Jair Bolsonaro não chegasse ao fim do atual mandato. “Eu ficaria convencido de que democracia é Saci Pererê, que só tem perna esquerda. Vejo muita impaciência, muita intolerância em muita gente que diz que governo é intolerante”, acrescentou. “Não queremos corrupção no governo de jeito nenhum. O compromisso é zero com o mal feito. Não tem conversa atravessada entre ministros”, completou.

Guedes disse que ficaria frustrado se Bolsonaro não chegasse ao fim do atual mandato. Foto: Julio Nascimento/PR

Diante do avanço das investigações na CPI da Covid e de denúncias de corrupção na compra de vacinas, o Palácio do Planalto age para manter de pé a aliança com o Centrão e evitar a ampliação da crise política, que tem no líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), o personagem central. A pressão se agravou com a apresentação do superpedido de impeachment contra o presidente, assinado por partidos de esquerda, centro-direita e parlamentares que romperam com o governo, além de integrantes de movimentos sociais, reunindo mais de 100 representações já protocoladas na Câmara. Acuado, o presidente voltou a recorrer ao tom de ameaça para atacar a CPI, citando as Forças Armadas. 

O ministro avaliou que a CPI "embaralha” o trabalho do Congresso. A comissão investiga denúncias contra a atuação do governo Bolsonaro no enfrentamento à doença. “Um chama o outro de bandido, o outro fala que o outro está matando gente. É um perde-perde geral”, afirmou. “Estamos antecipando o ciclo eleitoral, o que não é muito bom para o País. O melhor para o País é o ganha-ganha das vacinas e das reformas”, completou.

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Mais uma vez, Guedes disse que o País vive em um “barulho infernal, ensurdecedor”, mas ponderou que esse é o barulho normal das democracias. “Tem uma guerra política infernal. Se não fizemos tá errado, se fizemos tá errado também. (A pandemia) tem sido uma tragédia, mas as tragédias tiram de nós o nosso melhor”, afirmou. 

Para o ministro admitiu, as denúncias apuradas pela CPI da pandemia têm bloqueado o ritmo de avanço das reformas administrativa e tributária no Congresso. “Mas a Câmara está ligada e girando a toda velocidade. Do ponto de vista da opinião pública isso vai até melhorando a imagem da Câmara e piorando a do Senado”, avaliou. “Eu não vou me meter nisso, democracia é isso. Tem que apurar de um lado e construir de outro”, concluiu.

Continuidade do cargo

Ao ser perguntado se ficaria mais quatro anos no governo, caso Bolsonaro seja reeleito, Guedes respondeu que teria uma “energia infinita” para continuar no cargo, desde que consiga trabalhar. “Nossa energia é o sonho. Se você vê que consegue realizar, energia é infinita. Se você sente que ninguém quer fazer, a energia vai embora”, afirmou.

Guedes admitiu que Bolsonaro não vai para a “linha de frente” defender as reformas, mas garantiu ter o apoio do presidente. “Me sinto com energia, houve dois ou três momentos em que quase perdi energia, me senti abandonado. Senti um certo isolamento, mas nesses momentos o presidente me apoiou”, relatou. “Sinto impacto do meu trabalho e é reconfortante ver que estou ajudando”, avaliou. O ministro enfatizou que não tem apego ao poder e afirmou ter perdido dinheiro por ter assumido o cargo de ministro.

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