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Guedes: estagflação, acesso a vacinas e agenda verde foram os alertas do G20

Segundo ministro, nações africanas relataram nos encontros que estão com problemas para vacinar seus cidadãos

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast)
Atualização:

 Preocupação com a estagflação, mais acesso às vacinas no mundo e tornar a agenda verde adiante prioritária e de forma responsável foram os três principais alertas durante as plenárias de líderes do grupo das 20 maiores economias do globo (G20), conforme informou o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele esteve lado a lado do presidente Jair Bolsonaro nos eventos relacionados à reunião de Cúpula que ocorreu neste fim de semana na Itália, e conversou  com o Estadão/Broadcast por telefone.

“Temos que nos preparar para novas pandemias”, disse Guedes. Foto: Adriano Machado/Reuters - 25/10/2021

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O primeiro grande alerta no encontro, conforme o ministro, foi relacionado à área de saúde. Enquanto países desenvolvidos e alguns emergentes como o Brasil informaram que estavam avançando na imunização da sua população, nações africanas relataram encontrar problemas para vacinar seus cidadãos. De acordo com Guedes, o G20 fez uma espécie de mea culpa por não ter tido efetividade na coordenação durante a pandemia. Por isso, um dos assuntos mais importantes nessa área foi o de como o grupo deve se preparar para enfrentar novos momentos complicados na área da saúde. “Temos que nos preparar para novas pandemias”, disse Guedes. O próprio ministro avaliou que o G20 deixou a desejar em alguns aspectos, tendo mesmo falhas graves. Um dos acertos é a de que os membros do grupo doarão vacinas aos países mais necessitados. O Brasil, conforme o ministro, deverá doar 12 milhões de unidades de imunizantes. “Isso deve ocorrer no final deste ano ou, no máximo, no início do ano que vem. Faremos a doação depois de vacinar toda a população aqui”, explicou Guedes. O Brasil se comprometeu com a oferta, apesar de não ter recebido ainda sua fatia no consórcio covax facility. O País colaborou com US$ 150 milhões para o consórcio, o que lhe daria o direito de receber cerca de 40 milhões de doses, mas até o momento chegaram cerca de 10 milhões. A “vaquinha” das vacinas foi solicitada depois da identificação de que os países desenvolvidos estão se recuperando enquanto, na África apenas 0,4% da população recebeu pelo menos uma dose. Além das doações, os membros do G20 se comprometeram a aumentar também as exportações da produção local para países mais necessitados.

Estagflação

O segundo grande alerta do grupo também foi citado no comunicado do G20 divulgado mais cedo, que é o que trata da assimetria da recuperação econômica. Guedes, no entanto, deu mais cores sobre a preocupação dos líderes, dizendo que há uma real preocupação em relação à estagflação. “Nos países desenvolvidos, há duas grandes preocupações: choque de oferta negativa com inflação subindo”, relatou.

De acordo com ele, a tensão tem se mostrado maior nas economias principais porque começaram os anúncios de tapering - que é a retirada dos estímulos concedidos pelos governos no auge da pandemia - e também de aperto monetário. “Isso significa que, além da questão do choque de oferta, terá retração de demanda. Este é um receio de todos. Não só do Brasil.”

O terceiro tópico se deu na sequência, quando houve comentários sobre crise energética e sobre o aumento dos preços internacionais do petróleo. A mudança climática está ao lado de tudo isso e deve ser a grande agenda à frente do G20. “Vamos ter que fazer transição em meio à crise energética.”

 

Homenagem a Merkel

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Guedes relatou que, ao fim do encontro, quando os líderes já deixavam o local, o presidente rotativo do G20, Mario Draghi, pediu desculpas no microfone e solicitou que todos voltassem aos seus lugares. Ele disse, conforme o ministro, que não poderia encerrar a reunião sem registrar que esta era a última participação da alemã Angela Merkel, que deixará o governo após 16 anos. Todo mundo bateu palmas para ela, que ficou emocionada. “Mas Bolsonaro se levantou e fez gestos com os braços para o alto, convidando os demais a se levantarem”, descreveu. Os aplausos continuaram com os líderes em pé por mais cerca de quatro minutos.

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