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Guedes marca, mas depois cancela, reunião com oposição por apoio à reforma do IR

Encontro seria na próxima terça-feira, mas o ministro desmarcou com o deputado Alessandro Molon; reunião teria causado incômodo com lideranças governistas e, principalmente, com o presidente da Câmara, Arhtur Lira

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes , Camila Turtelli e Idiana Tomazelli
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu e depois desmarcou a reunião que teria com lideranças da oposição para buscar apoio à aprovação do projeto do Imposto de Renda na próxima semana.

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O ministro ligou na quinta-feira, 19, à noite para o líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), cancelando o encontro que ele mesmo solicitou depois que a votação do projeto foi adiada por falta de votos e aumento das resistências ao parecer do deputado Celso Sabino (PSDB-PA).

A reunião estava marcada para a próxima terça-feira, 24, quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), quer surpreender e conseguir o que não foi possível ao longo desta semana: votar o projeto, que precisa apenas de maioria simples dos votos para a fatura estar concluída. Lira tem ligado para parlamentares cobrando de forma incisiva apoio na votação da semana que vem, segundo relatos obtidos pela reportagem.

Guedes teria reunião com líderes da oposição na próxima terça-feira para discutir a reforma do Imposto de Renda. Foto: Dida Sampaio/Estadão - 27/7/2021

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o encontro marcado de Guedes com a oposição causou incômodo com lideranças governistas e, principalmente, com o presidente da Câmara. 

A preocupação é que o ministro fizesse algum tipo de acerto que atrapalhasse acordos já feitos com o Centrão para a votação, incluindo as isenções da cobrança de lucro e dividendos para as empresas do Simples e as do lucro presumido (regime de tributação simplificado muito usado por profissionais liberais, como médicos, advogados, contadores e economistas) com faturamento até R$ 4,8 milhões por ano. O Sebrae, preocupado como recuos, divulgou na quinta-feira nota de apoio ao parecer de Sabino.

Ao Estadão/Broadcast, Molon disse que o cancelamento da reunião atrapalha o avanço da proposta. “Naturalmente, essa proibição do diálogo do governo conosco atrapalha o avanço da reforma. Poderíamos ganhar tempo e qualidade na proposta, que poderia chegar ao plenário com um alto nível de acordo entre governo e oposição. Uma pena isso, quem perde é o nosso País", afirmou.

Para o líder da oposição, é lamentável que não se permita que o governo dialogue com a oposição para buscar a melhor solução para a reforma do Imposto de Renda que mexe com empresas, pessoas físicas e investimentos. Segundo ele, assim que foi consultada, a oposição aceitou o convite para a reunião com o ministro da Economia. 

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“Não somos a oposição do quanto pior, melhor. Somos a oposição que dialoga e propõe soluções para tirar o país da crise e para gerar emprego e renda. Infelizmente o governo não está autorizado por sua base a fazer o mesmo”, criticou. A oposição tem como bandeira a taxação de lucros e dividendos, mas vê com preocupação as distorções do projeto. 

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