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Guerra comercial entre EUA e China preocupa mercado, mas dólar fecha em queda

A moeda americana acumulou alta de 0,16% na semana, marcando a quinta semana consecutiva de valorização no mercado brasileiro

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Silvana Rocha , Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Paula Dias
Atualização:

O dólar terminou a sexta-feira em queda, mas acumulou alta de 0,16% na semana, marcando a quinta semana consecutiva de valorização da moeda americana no mercado brasileiro. No ano, sobe 1,80%. O aumento do temor sobre os rumos das negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos pressionaram o dólar nos últimos dias, mas hoje a sinalização de autoridades chinesas e americanas, incluindo o presidente Donald Trump, de que as conversar vão prosseguir acalmaram os investidores.

No mercado doméstico, as mesas de operação seguem atentas aos avanços da reforma da Previdência, embora hoje o assunto tenha ficado em segundo plano.Nesta sexta-feira, o dólar teve um dia volátil. Chegou a subir a R$ 3,97 pela manhã, em meio à promessa de Trump de taxar mais US$ 325 bilhões em produtos chineses. A moeda testou mínimas, a R$ 3,93, com o noticiário de que as negociações entre as duas maiores economias do mundo prosseguem, apesar dos reveses dos últimos dias.

Mercado está atento às negociações entre EUA e China e uma possível desidratação da reforma da Previdência Foto: Andy Wong|AP

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No final da dia, o dólar à vista caiu 0,17%, a R$ 3,9453.Em meio a incertezas internas com a Previdência e externas sobre as negociações entre Washington e Pequim, os agentes utilizam o dólar como hedge, inclusive para operações na bolsa e nos juros, ressalta o gestor da Gauss Capital Carlos Menezes. Ele estima que o preço justo do dólar hoje aqui, levando em conta os fundamentos, estaria na casa dos R$ 3,70. Mas por conta das dúvidas sobre as reformas de Jair Bolsonaro e o ambiente externo, os investidores embutem um prêmio e a moeda segue na casa dos R$ 3,90.

Resistência

Ao mesmo tempo, o dólar tem tido dificuldade de romper o patamar de R$ 4,00, que tem se mostrado um nível de resistência de alta. Ao longo desta semana, a moeda americana bateu em R$ 3,99 na quarta-feira, mas o patamar tem atraído vendedores e o dólar não se sustenta muito tempo nesse nível. Para Menezes, se a Previdência avançar como esperado na comissão especial, os investidores podem desmontar posições de hedge, fortalecendo o real. Por enquanto, a tramitação no Congresso tem sido mais lenta que o inicialmente esperado, o que fez os agentes redobrarem a cautela.

A piora da tensão comercial entre China e Estados Unidos esta semana levou o Bank of America Merrill Lynch a alertar hoje seus clientes que caso haja uma guerra no comércio entre os dois países, a economia mundial pode entrar em recessão. Já um acordo entre as duas maiores economias do mundo deve estimular a procura por risco, o que pode valorizar as moedas de emergentes.

Bolsa

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O mercado brasileiro de ações esteve bastante suscetível aos movimentos do mercado externo nesta sexta-feira, 10, oscilando conforme se alteravam as expectativas em torno da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Depois de ter caído mais de 1,5% pela manhã, o Índice Bovespa desacelerou o ritmo e terminou o pregão em baixa de 0,58%, aos 94.257,56 pontos. No acumulado da semana, o índice perdeu 1,82%.

No acumulado da semana, o Ibovespa perdeu 1,82% Foto: Renato S.Cerqueira/Futura Press

O principal indicador da B3 caiu em quatro dos cinco pregões da semana. Em todas essas sessões, a aversão ao risco no mercado internacional foi determinante para as ordens de venda de ações. As perdas tiveram início já na segunda-feira, em repercussão ao "tweet" em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que elevaria nesta sexta as tarifas americanas de 10% para 25% sobre US$ 200 bilhões em importações de bens chineses. Desde então, Trump deu diversas declarações, que ora animaram, ora desanimaram os mercados quanto à possibilidade de um acordo comercial entre EUA e China.

Nesta tarde, o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, afirmou que as negociações comerciais realizadas nesta sexta correram "razoavelmente bem", enquanto o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, descreveu as conversas como "construtivas". As informações foram suficientes para inverter as quedas das bolsas de Nova York, que terminaram o dia majoritariamente no azul. Por aqui, o Ibovespa chegou a tocar o terreno positivo (+0,04%), mas não teve fôlego para uma alta. Ainda assim, terminou o pregão bem distante da mínima do dia, de 93.234 pontos (-1,66%), registrada pela manhã.

Previdência

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"A falta de novidades sobre a reforma da Previdência ao longo da semana deixou o mercado brasileiro à mercê dos mercados internacionais. Mesmo para a próxima semana ainda não se sabe se teremos algo concreto como o mercado gostaria de ver, uma vez que ainda haverá diversas sessões na comissão especial da Câmara", disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora.Na análise por ações, o destaque ficou por conta de Vale ON (+1,90%). O papel subiu mesmo após a mineradora ter divulgado prejuízo líquido de US$ 1,642 bilhão no primeiro trimestre.

O dado negativo foi atribuído principalmente aos eventos relacionados à barragem de Brumadinho (MG). Segundo Monteiro, da Renascença, os investidores receberam bem a decisão da empresa de fazer o provisionamento integral relativo ao acidente da barragem. Além disso, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, Luciano Siani Pires, afirmou em teleconferência que a empresa está confiante de que vai conseguir uma decisão final favorável à retomada das operações da mina de Brucutu (MG).

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