01 de abril de 2022 | 15h54
BRASÍLIA - A guerra da Rússia com a Ucrânia deve ainda impactar em abril no reajuste de preços de matérias-primas para um terço das empresas entrevistadas em pesquisa conduzida pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Para 43% das empresas, a eclosão da guerra agravou o reajuste de preços.
A guerra começou no dia 24 de fevereiro. Os preços internacionais recuaram, mas ainda estão, em alguns casos, maiores do que antes do início da Guerra.
A Fiesp entrevistou 131 empresas do Estado de São Paulo, entre os dias 14 e 17 de março para ter um termômetro da percepção das empresas sobre os efeitos da guerra tanto pelo lado da alta de preços como também das dificuldades em encontrar os insumos.
O resultado da pesquisa, obtido pelo Estadão, mostrou também que 29% das empresas verificaram impacto na oferta de insumos para produção em março e 36,6% esperam efeitos em abril.
A dificuldade para encontrar as matérias-prima aumentou, mas não é um quadro de falta de produtos. Somente 3,1% das empresas relataram que não encontraram insumos em março e para abril. Os principais insumos consumidos pelas indústrias paulista são de aços (19,6%), papelão (13,7%), resinas plásticas (12,9%) e químicos orgânicos.
Para o economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha, a situação requer monitoramento, mas aparentemente o quadro está longe de um cenário similar ao da pandemia da covid-19 em 2020, quando houve desabastecimento e aumento de preços.
“A guerra afetou a cadeia de suprimentos numa proporção menor do que a pandemia, mas faz com que o processo de normalização dessa fase agora tenha um retardo”, avaliou o economista.
Rocha lembrou que a economia já caminha para uma perspectiva de normalização das cadeias produtivas num processo lento e paulatino, o que pode agora demorar mais um pouco.
A Fiesp está fazendo a pesquisa para entender a magnitude do impacto no Brasil e monitorar quais as cadeias serão supridas por outros países. É o caso de fertilizantes, muito dependente da Rússia.
Para o economista-chefe, o Brasil tem grande potencial para desenvolver o mercado de gás para suprimento da Europa, mas essa política dependerá de planejamento e amparo do setor público para se viabilizar. “Vimos que os Estados Unidos estão tentando fazer isso”, afirmou.
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