
28 de abril de 2015 | 10h34
RIO - O aumento da procura por trabalho e a ausência de geração de vagas determinaram a elevação da taxa de desemprego para 6,2% da população economicamente ativa em março deste ano, afirmou Maria Lucia Vieira, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Parte dessa população que agora engrossa as filas por um emprego estava antes entre os inativos, enquanto o contingente de ocupados teve, em março ante fevereiro, a quarta queda consecutiva.
"Tem mais gente procurando trabalho do que tinha em março do ano passado, e houve corte de vagas", afirmou Maria Lucia. Ela notou ainda que, no mês passado, a população ocupada teve variação negativa de 0,2% ante fevereiro (menos 48 mil vagas) - a despeito de não ser estatisticamente significativo, é a quarta redução seguida.
"Isso revela que pessoas estão saindo de seus postos de trabalho e nem todas estão conseguindo se recolocar", afirmou a gerente.
De acordo com o IBGE, o mês de março também foi marcado pela migração de pessoas antes inativas para o contingente de desocupados. "Pode ter havido uma migração de pessoas que antes não buscavam trabalho e agora estão procurando uma vaga. Não temos como afirmar exatamente que população é essa. Pode ser retorno (ao mercado de trabalho) ou nova inserção", explicou Maria Lucia.
Busca por maior renda. A necessidade de engrossar o orçamento da família está levando mais pessoas a buscarem emprego, afirmou Maria Lucia Vieira. "Em março, todas as regiões tiveram queda no rendimento (ante fevereiro). A necessidade de aumento de rendimento faz com que essas pessoas procurem mais trabalho", afirmou Maria Lucia.
A taxa de desocupação sempre segue um movimento sazonal de alta no início do ano, tendência que se repete em 2015. A diferença deste ano, contudo, é que a taxa se posiciona num patamar mais elevado do que em 2014.
"A sazonalidade até março vem obedecendo a movimentos que estamos habituados, só que estamos com níveis de taxa mais elevados do que vínhamos observando para esse mesmo período em anos anteriores. O patamar tem a ver com a questão da conjuntura, em termos de criação de postos de trabalho, das pessoas perceberem que precisam ou não buscar um emprego", explicou Maria Lucia.
Segundo a gerente, a conjuntura econômica pesa na decisão dos brasileiros em procurar ou não uma vaga. Em março, o rendimento médio real diminuiu 2,8% ante fevereiro e teve queda de 3,0% ante março do ano passado. "(A renda) Pode ser um fator importante que está fazendo com que as pessoas busquem outras oportunidades. Quem antes não precisava buscar trabalho agora passa a procurar", disse.
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