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Hamilton: alta da inflação reflete expansão da economia mundial

Novo diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo avalia que atividade está mais intensa em países emergentes

Por Fabio Graner e Fernando Nakagawa
Atualização:

O novo diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, disse nesta quarta-feira, 31, que a inflação está subindo no mundo refletindo a retomada a atividade econômica mundial. Segundo ele, a atividade econômica está mais intensa nos países emergentes, onde já se pode falar em "ciclo de expansão", em vez de recuperação.

 

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Na entrevista coletiva para comentar o relatório trimestral de inflação, Hamilton destacou a escalada dos preços das commodities e classificou de "impressionante" o movimento de alta dos metais industriais. Questionado sobre se haveria uma bolha de commodities, ele afirmou que só é possível detectar a existência de uma bolha depois que ela é estourada, mas avaliou que, pelo menos em parte, a alta dos preços pode ser atribuída ao maior nível de atividade mundial.

 

Hamilton destacou que alguns países já estão retirando estímulos monetários e fiscais, e alguns já iniciando o ciclo de aperto monetário. Em relação à economia brasileira, Hamilton afirmou que o Brasil foi um dos poucos países em que a inflação acumulada em 12 meses até fevereiro de 2010 ficou acima dos níveis verificados em janeiro de 2008 em 12 meses. Mas ele não soube explicar por que a comparação não é feita com fevereiro de 2008. Ele disse que independentemente disso, o raciocínio é o mesmo.

 

O diretor também destacou que a economia brasileira cresce neste momento utilizando poupança externa e também informou que a taxa de câmbio real efetiva com base em uma cesta de moeda está abaixo da média histórica. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou há pouco que há um descasamento entre a oferta e a demanda no Brasil, o que "certamente" tem impacto na inflação.

 

Hamilton ressaltou ainda que a inflação teve um impacto negativo na renda da população, especialmente na camada mais baixa, e que o BC tem mostrado nos últimos anos que atua pelo tempo que for necessário para garantir a preservação do poder aquisitivo das pessoas.

 

O novo diretor também disse que a autoridade monetária continua trabalhando para levar a inflação ao centro da meta de 4,5%. Ele rechaçou a avaliação de que o Comitê de Política Monetária (Copom) teria alterado o seu comportamento em março ao manter a taxa Selic em 8,75% apesar do aumento das projeções oficiais de inflação. "As decisões são sempre técnicas para manter a inflação na meta no horizonte em que a política monetária pode atuar", afirmou.

 

Ele comentou que a decisão de março do Copom foi tomada com base nos dados disponíveis naquele momento e a manutenção do juro foi a opção que o colegiado "avaliou como sendo a mais adequada para o momento". A reunião do Copom foi realizada nos dias 16 e 17 de março.

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Ao ser questionado sobre se o BC "desistiu" do centro da meta de inflação em 2010, de 4,5%, e estaria mirando apenas este patamar em 2011, Hamilton respondeu laconicamente: "temos que aguardar janeiro de 2011 para averiguar isso", ao reforçar que o Copom tem como objetivo permanente levar a inflação à meta.

 

O diretor também comentou a expectativa oficial do BC de que o IPCA deve ficar em 5,2% em 2010. Segundo ele, "evidentemente a economia é constantemente atingida por choques, alguns favoráveis e outros desfavoráveis". "Por isso, às vezes, a inflação fica acima do centro da meta, e às vezes, abaixo do centro da meta. A inflação nunca fica em cima da meta, mas as decisões são para manter a inflação na meta", disse.

 

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