O grupo cearense Hapvida anunciou ontem a compra da rede hospitalar Grupo São Francisco, que tem a gestora Gávea, do ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, entre os principais acionistas, por R$ 5 bilhões. O negócio é estratégico para a Hapvida avançar na Região Sudeste do País.
O grupo São Francisco, que inclui hospitais no interior de São Paulo e também em Goiás, laboratórios de diagnóstico e uma operadora de plano de saúde, foi colocado à venda no fim do ano passado, como antecipou o Estado. “Com esse negócio, vamos ser a maior operadora (de saúde) com cobertura nacional”, disse Jorge Pinheiro, presidente da Hapvida.
A Hapvida passará a ter 5,8 milhões de beneficiários em carteira, sendo que 1,8 milhão foi agregado com a aquisição. O faturamento combinado das duas empresas chega a R$ 6 bilhões. No ano passado, a Hapvida encerrou com receita líquida de R$ 4,5 bilhões.
Segundo Pinheiro, não há sobreposição de usuários com a empresa adquirida nas diversas localidades do Brasil. Por causa disso, há elevadas sinergias entre os negócios e baixo risco de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) barrar a operação. A expectativa é de que o negócio deve gerar sinergias na casa de R$ 170 milhões ao ano, pelos próximos quatro anos.
O executivo afirmou que o Grupo São Francisco cresceu por meio de aquisições e que isso facilitará o avanço da Hapvida fora do eixo Norte e Nordeste. “Com essa operação, a Hapvida dobra seu potencial de crescimento no País.”
Os executivos da Hapvida ainda não definiram se vão manter a marca São Francisco.
Valorização na Bolsa
Avaliada em R$ 22 bilhões na Bolsa paulista, as ações da Hapvida encerraram ontem com alta de 7%, cotadas a R$ 32,75. A operadora começou a negociar ações no mercado financeiro brasileiro em abril do ano passado.
Pinheiro afirmou que a Hapvida está avaliando novas aquisições para expandir suas operações no Brasil. “Temos um pipeline de aquisições e estamos bem confiantes que este ano ainda vamos anunciar mais operações”, afirmou o executivo.
Mesmo com a lenta retomada da economia, o executivo prevê expansão do negócio. “Ainda enxergamos um cenário meio morno para a economia”, disse ele, destacando que a companhia tem conseguido crescer mesmo em um cenário de baixo crescimento
Ele reconhece, contudo, que as empresas de plano de saúde perderam nos últimos anos usuários por conta da crise. O setor privado já chegou ter 50 milhões de vidas, mas agora está abaixo desse volume.
Fontes do mercado financeiro ouvidas pelo Estado afirmaram que o setor de saúde ainda tem muito espaço para consolidação.
A Hapvida foi assessorada pelo banco BTG Pactual e pela Riza Capital, enquanto o grupo São Francisco teve auxílio do banco Goldman Sachs. / COLABORARAM ALINE BRONZATI E FÁTIMA LARANJEIRA