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Harvard compra 12,5% de empresa de Armínio Fraga

Fundo da universidade americana será sócio do ex-presidente do Banco Central na Gávea Investimentos

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Por Mariana Barbosa e Fernando Dantas
Atualização:

A Harvard Management Company (HMC), que administra um patrimônio de US$ 40 bilhões da Universidade Harvard, adquiriu 12,5% da Gávea Investimentos, empresa de gestão de recursos que tem como principal sócio Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central. O valor do investimento não foi divulgado. A Gávea administra US$ 5,5 bilhões em recursos, dos quais US$ 1,4 bilhão estão alocados em dois fundos de private equity (de investimento em outras empresas). De acordo com Armínio Fraga, o investimento de Harvard entrou na Gávea sob a forma de aumento de capital e será investido em fundos próprios de sua empresa. "É um capital permanente que nós temos, e isso é bom em momentos de maior volatilidade." Segundo ele, é um dinheiro que "veio para ficar", sem data para sair. Os novos recursos, revela Fraga, deverão ajudar a compor um terceiro fundo de private equity que a Gávea pretende lançar no ano que vem. "É provável que partiremos para um terceiro fundo de longo prazo", diz ele. "Quando nosso segundo fundo, que já está com dois terços do capital investido, investir o que resta, a idéia é partir para um terceiro, com capital nosso." O primeiro fundo de private equity da Gávea teve início em 2006. Segundo Fraga, os fundos têm dado um "excepcional retorno". Dentre as empresas com as quais a Gávea se associou estão a Multiterminais, a fazenda Ipanema Coffees, o McDonald''''s da América Latina, a Aliansce (administradora de shoppings) e a companhia aérea BRA. A aquisição da participação na Gávea foi feita por meio de um fundo que abriga doações para investimentos (endowment donations) feitas à universidade americana, administrado pela HMC. Com um patrimônio de US$ 34,9 bilhões, o fundo gerou um retorno de 23% para a universidade no ano passado, um dos melhores desempenhos desde a fundação da HMC, em 1974. Isso resultou em uma receita de US$ 1,1 bilhão para a universidade no ano passado, equivalente a 33% das despesas operacionais no ano. Além de doações em dinheiro, a HMC administra recursos de pensionistas e patrimônios imobiliários, entre outros. "Esse é um parceiro fantástico, com grande destaque na área de investimentos de longo prazo mundo a fora e, portanto, é capaz de agregar valor ao nosso processo", disse Fraga, acrescentando que a participação do fundo de Harvard no capital da empresa dará acesso a novas idéias e boas parcerias. "Nós vamos nos beneficiar de um diálogo com eles, por entender que tipo de investimento estão procurando, quem são os outros gestores em que confiam." Este não é o primeiro investimento da HMC na Gávea. A universidade é uma das principais cotistas de um dos fundos de private equity da empresa, ao lado de um conjunto de universidades estrangeiras. A HMC é famosa por suas estratégias alternativas de investimento, dentro de um horizonte de longo prazo. "Além de investir nas classes tradicionais de ações e títulos, eles foram pioneiros em investir em fundos de hedge funds e de private equity", conta Fraga. A HMC possui ainda investimentos em madeira e diversas outras commodities. Desde que foi criado, o fundo de Harvard gerou um retorno anual médio de 13,3%. Nos últimos cinco anos, o retorno médio foi de 18,4%. "Como não precisam de liquidez no curto prazo, eles têm retornos mais altos", explica Fraga. Com o sucesso da gestão de recursos da HMC, o volume de dinheiro repassado para a universidade mais do que triplicou nos últimos dez anos. O fundo de doações para investimentos da HMC é, na verdade, um conjunto de 11 mil fundos, cada um com um propósito específico. O orçamento do programa de ajuda financeira a estudantes, por exemplo, financiado por alguns desses fundos, cresceu 94% desde 2001, saltando de US$ 156 milhões para US$ 302 milhões.

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