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HBO se arma contra Netflix e Amazon

Veterana da TV volta a ser relevante com novos programas e serviço de streaming

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Por Redação
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Em 2007, quando Tony Soprano saiu do ar, a HBO registrou uma queda acentuada. Programas irrelevantes como John From Cincinnati e Tell Me You Love Me tiveram uma carreira breve - ambos duraram só uma temporada. Em referência ao conteúdo vazio, os executivos de rivais referiam-se ao canal como "HB-Over" (algo como "a HBO acabou"). Essa noção virou um passado distante. "Quem escreveu nosso epitáfio evidentemente estava enganado", disse, na semana passada, Richard Plepler, diretor executivo da HBO. Plepler, 56 anos, não chegou a se vangloriar, mas parece ter motivos para isso. "Interessante, não é? Neste momento tão competitivo, temos, em minha opinião, o melhor conteúdo da nossa história". Naquela manhã, o comediante John Oliver aparecia em manchetes dos jornais graças à entrevista com Edward Snowden em seu programa da HBO, na noite anterior. Na ocasião, Plepler estava em Gotham Hall comemorando a nova temporada de Veep, ao lado de Julia Louis-Dreyfus e Katie Couric. Nas últimas semanas, a HBO exibiu também o documentário The Jinx, que levou à prisão do magnata do ramo imobiliário Robert Durst por assassinato. Toda a programação do canal ficará disponível online, mediante assinatura: o HBO Now, serviço de streaming de vídeo apresentado em março em um evento conjunto com a Apple. No atual mercado de conteúdo, assumir riscos é necessário. Concorrentes como Netflix e Amazon estão injetando muito dinheiro em programação original, criando programas próprios, populares e aclamados pela crítica. Para a controladora da HBO, a Time Warner, que no ano passado rejeitou uma oferta de aquisição de US$ 80 bilhões da Fox, de Rupert Murdoch, os lucros da emissora - de US$ 1,8 bilhão em 2014 - estão se tornando cada vez mais importantes. Nos últimos anos, a Time Warner criou numerosas companhias independentes, o que tornou o crescimento da HBO crucial. Na realidade, o diretor executivo da Time Warner, Jeffrey Bewkes, disse que o sucesso da HBO é vital para os negócios, e o HBO Now - um serviço de streaming independente, de US$ 15 por mês, que não exige que o usuário faça a tradicional assinatura ao canal - criou uma proposta que deve ser copiada pelo setor. "Estamos lançando os alicerces da transformação das redes de TV, a fim de que estejam disponíveis nos serviços on demand e nos telefones móveis com uma interface ininterrupta para pesquisa", disse o executivo. "Estamos abrindo o caminho para todos". Apesar de acreditarem no novo serviço, Time Warner e HBO tentam evitar que a aposta na internet não prejudique seu negócio principal. Tanto a HBO quanto as outras redes da Time Warner, como a TNT e a TBS, recebem bilhões de dólares de companhias a cabo e por satélite por sua programação. Bewkes e Plepler disseram que o novo serviço é complementar ao negócio atual - apesar de ofertar o conteúdo por um preço inferior. Cópias. Apesar deste risco, um dia depois de Plepler anunciar o HBO Now, a CBS apresentou seu serviço de streaming; outro concorrente, com as séries do canal Showtime, também de propriedade da CBS, deverá ser lançado em breve. O diretor executivo da CBS, Les Moonves, disse que o fato de o anúncio da sua rede ter sido feito quase ao mesmo tempo não passou de uma mera coincidência. Mas ele admitiu que não tinha em mãos o que a Apple ofereceu a Plepler: um convite para apresentar o HBO Now no mesmo palco em que a Apple apresentou seu relógio inteligente. "Admirei a encenação teatral do evento", disse Moonves. "Tornou o anúncio ainda mais importante. Digno do 'show business'. Conseguiram a atenção que certamente queriam. No sentido positivo, quero dizer. Fiquei com ciúme". / Tradução de Anna Capovilla

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