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Seminário discute efeitos da crise hídrica em projetos imobiliários

Sinduscon promove debate sobre o cenário de escassez de água e a exigência de eficiência energética os empreendimentos imobiliários

Por Heraldo Vaz
Atualização:

O Sinduscon realizou a 11ª edição do seminário de sistemas prediais, discutindo o cenário de escassez de água e a exigência de eficiência energética nos empreendimentos imobiliários. A conclusão é de que é necessário repensar os projetos. Ao abordar o racionamento de água, a engenheira Virginia Sodré, da Infinitytech, comentou notícias que trazem o temor de paralisar ao setor. "Itu chegou a proibir o lançamento de novos empreendimentos", disse. A Infinitytech faz consultoria de projetos sustentáveis. "Todo mundo aqui tem grande responsabilidade com o desenvolvimento da sociedade", enfatizou Virginia, olhando para cerca de 250 participantes do evento. "É preciso repensar a forma como se projetava antes, rever o jeito que se fazia engenharia", acrescentou a engenheira, apoiando a realização de seminários para disseminar o conceito de edifícios eficientes. Várias empresas, segundo ela, têm adotado a política de usar água de poço. "Temos mais de 12 mil poços irregulares em São Paulo", afirmou, preocupada com a superexploração dos lençóis. "O aquífero Guarani, em Ribeirão Preto, que já perdeu 70 metros, diminui um metro a cada ano."

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Virginia falou do programa "Água de valor", que adotou metodologia para quantificar, por exemplo, a demanda e o reúso. "Se planejei usar 100 mil m³ e gastei 142 mil, a conclusão é que a obra desperdiçou água." O objetivo é fazer um benchmark de consumo. "Para usar nos Jardins e na periferia", afirmou.

Com base em planilhas orçamentárias, ela acredita que até o final do ano vai dar para saber quantos m³ de água são gastos em 1m² de área construída. "O planejamento traz essa visão de futuro e vai melhorar a competitividade do negócio", afirmou.

O diretor técnico da Tecnisa, Fabio Villas, que é membro do comitê de tecnologia e qualidade do Sinduscon, concorda que isso é fundamental. "Ninguém gerencia nada sem conseguir medir", disse. Para ele, a questão da escassez vem sendo discutida há muito tempo. "Era tragédia anunciada, esperamos acontecer para ter iniciativa."

O diretor de Investimentos da Odebrecht Properties, Armando Iazzetta, detalhou o projeto Porto Atlântico, em construção no Porto Maravilha, programa de revitalização da região portuária do Rio de Janeiro. Terá 29 mil m² de área construída.

O compromisso é ter eficiência operacional. "Cuidamos da concepção, implantação e operação", disse ele. Criada em 2012, a Odebrecht Properties concebe projetos, realiza investimentos e assume a operação de ativos imobiliários.

A construção do Porto Atlântico foi contratada por empresas do grupo Odebrecht na modalidade built to suit (BTS). Trata-se de operação feita sob medida para atender aos interesses do inquilino, que vai alugar o espaço. "É uma venda interna."

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O prédio tem o selo LEED (Leadership in energy and environmental design, ou liderança em energia e design ambiental), uma certificação internacional promovida pelo Green Building Council (GBC) Brasil.

Tripé. Ao defender a importância da obra sustentável, Iazzetta destacou que ela precisa ser economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa. Caso contrário, não será possível investir em prédios verdes, sem um retorno tangível para o empreendimento e futuro locatário. "Queremos algo sustentável nessas três dimensões", enfatizou.

Segundo ele, a água representa 5% dos custos de condomínio num edifício corporativo. "A redução de 20% no gasto de água e esgoto traz economia de 1% no condomínio. "É pouco, mas essa ação aliada à eficiência energética e a outros itens, somados, terá peso importante."

Especialista em arquitetura paisagística, Marcelo Vassalo defendeu conceitos do biourbanismo, que traz a natureza para dentro da cidade. Citou como exemplos de infraestrutura sustentável canteiros pluviais, jardim de chuva, biovaleta, bacia de retenção e infiltração, além da parede verde. Ele questionou diretrizes do Plano Diretor da capital, como o adensamento, e criticou a ocupação de corredores urbanos que estão em fundo de vale. Para ele, o risco de alagamentos terá de ser remediado no futuro.

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