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Holanda tenta reter avião presidencial argentino por dívida de US$ 1,9 mi

O avião, que tem hidromassagem e uma cadeira para cabeleireiro, é herança de Menem

Por Agencia Estado
Atualização:

Como milhões de habitantes deste país, o Estado argentino não está podendo pagar suas contas. A última demonstração da inadimplência do governo do presidente Eduardo Duhalde é a falta do pagamento de uma dívida de US$ 1,9 milhão que possui com a empresa aeronáutica Fokker, da Holanda. A dívida, pendente desde 1998, é relativa à uma reforma do luxuoso Tango 01, um Boeing 757 que é o principal avião da frota (utilizado para as viagens internacionais), e à modernização do Tango 03, um Fokker F-28 (usado para as viagens dentro da Argentina), além de parte do pagamento da compra do Tango 02, que também é da Fokker. Em janeiro, quando vencia a primeira parcela da dívida, de US$ 1 milhão, o governo argentino sequer deu sinais de que realizaria o desembolso. Em março, a segunda parcela, de US$ 700 mil também passou em brancas nuvens. Mas, a falta de pagamento da terceira parcela, de US$ 200 mil, acabou irritando a paciência holandesa, que já estava preocupada com o anúncio de calote argentino, declarado em dezembro. O resultado foi que a empresa que realiza os seguros para a Fokker decidiu reter o aparelho em território holandês, até que o governo argentino pague o que deve. O governo argentino tentou evitar rapidamente o embargo do avião, alegando que tratava-se de um bem público, que servia para transportar o próprio presidente da República. A Justiça holandesa determinou que o avião não pode ser embargado. No entanto, o Tango 03 não poderá sair desse país. Depois de todo esse imbroglio, o governo argentino está tentando convencer a Fokker de que pretende pagar em breve uma primeira parte da dívida, que seria de US$ 300 mil, como forma de liberar o avião. O caso Fokker suscitou temores em Buenos Aires de que ? diante do calote da dívida ? diversas empresas e bancos em todo o mundo poderiam pedir a retenção de bens argentinos no exterior. Frota Polêmica A frota aérea presidencial deu muito o que falar desde que Carlos Menem tornou-se presidente da República em 1989. O Tango 01, o principal avião presidencial foi o retrato da época. Além das poltronas especiais para os passageiros, Menem ordenou a instalação de uma ampla cama de casal, armários, um banheiro especial com hidromasagem. Além disso, o avião possui um escritório para uso do presidente, e uma sala de reuniões. Menem colocou ainda uma cadeira especial de cabeleireiro, que era utilizada por Tony Cuozzo, que se esmerava em fazer que a rala cabeleira presidencial parecesse mais abundante. O luxo excessivo do Tango 01 foi um dos símbolos utilizados por Fernando De la Rúa em sua campanha presidencial em 1999. De la Rúa prometia que se fosse eleito, venderia o aparelho. Seu preço original havia sido de US$ 66 milhões, mas esperavam vendê-lo pelo menos por US$ 25 milhões. No entanto, enquanto o avião não era vendido, De la Rúa foi se acostumando ao conforto da herança de Menem. O atual presidente, Eduardo Duhalde, chegou ao cargo pregando uma austeridade nunca antes vista na história da Argentina. No entanto, a venda do Tango 01 e dos outros aparelhos presidenciais sequer foi cogitada. A frota aérea presidencial compõe-se também de um helicóptero Sikorsky Black Hawk, similar ao utilizado pela presidência dos EUA, cujo preço é de US$ 16 milhões. Outros dois aparelhos que integravam a frota, um Fokker F28 (o Tango 02) e um Lear Jet de onze lugares (o Tango 04) foram doados, respectivamente, à Força Aérea e ao governo da província de La Rioja. Leia o especial

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