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Horas trabalhadas e emprego na indústria têm queda recorde

Indicadores da CNI apontam queda de 1,5% na carga horária e de 0,6% nas vagas do setor; faturamento cai 9,9%

Por Leonardo Goy e da Agência Estado
Atualização:

Os indicadores da Confederação Nacional da Indústria (CNI) relativos a novembro confirmam a tendência de queda da produção industrial provocada pela crise econômica internacional. As horas trabalhadas na indústria registraram queda de 1,5% em novembro ante outubro, a maior desde o início da série histórica, em janeiro de 2003. No confronto com novembro do ano passado, porém, o número é positivo, em 1,4%. Veja também: Desemprego, a terceira fase da crise financeira global De olho nos sintomas da crise econômica  Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  O mesmo recorde negativo foi verificado no índice de emprego na indústria, que caiu 0,6% em novembro ante outubro. O emprego, porém, registrou crescimento de 2,9% na comparação com novembro de 2007. Já o faturamento real do setor, segundo a pesquisa, recuou 9,9% em novembro em comparação com outubro na série com ajuste sazonal. Na comparação de novembro com igual período de 2007, houve queda de 7%. Capacidade O Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (Nuci) caiu um ponto porcentual em novembro em relação a outubro, passando de 82,6% para 81,6% na série dessazonalizada. Na comparação com novembro de 2007, o recuo é ainda maior, já que, naquele mês, a indústria operava a 83,4% de sua capacidade instalada. Com a redução da atividade causada pela crise econômica, o Nuci recuou em novembro ao mesmo patamar registrado em fevereiro de 2007. De acordo com o banco de dados dos indicadores industriais da CNI, o recuo do Nuci de outubro para novembro, de um ponto porcentual, foi o maior da série histórica da CNI, iniciada em janeiro de 2003. "A queda da utilização acompanha o recuo do faturamento", analisou o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco. Setores Ele destacou que os setores mais atingidos pelo agravamento da crise no último trimestre de 2008 foram veículos automotores, metalurgia básica, máquinas e equipamentos e alimentos e bebidas. Apenas esses setores responderam por 62% de toda a queda de faturamento da indústria entre outubro e novembro. Eles também foram responsáveis por 48% do recuo das horas trabalhadas nessa mesma comparação. "Veículos e máquinas são setores que vinham apresentando as maiores taxas de crescimento ao longo do ano e são muito sensíveis ao crédito. A queda na atividade das máquinas sinaliza ainda um recuo no nível de investimentos", disse. Outro dado revela bem a brusca freada ocorrida nesses setores mais dependentes de crédito: as montadoras registraram uma redução no faturamento real de 29,5% de outubro para novembro, a maior entre os setores analisados pela CNI, na série sem ajuste. Por outro lado, no acumulado de janeiro a novembro, o setor está entre os que tiveram as maiores altas nas vendas, de 17,5%, basicamente por conta do desempenho nos três primeiros trimestres do ano. Castelo Branco reconheceu que os efeitos da crise no setor produtivo se mostraram mais intensos do que era esperado, mas, por outro lado, disse ele, isso pode significar que a crise se concentre mais no tempo e tenha uma duração menor. O único índice a manter a tendência de alta no mês, segundo a CNI, foi a massa salarial real paga pelas empresas industriais, que cresceu 3,4% em novembro em relação a igual período de 2007. Acumulado No acumulado do ano, os indicadores permanecem positivos. O faturamento da indústria registra alta de 6,4% de janeiro a novembro em relação aos mesmos 11 meses do ano anterior. Já as horas trabalhadas tiveram crescimento de 5,6% em relação a igual período de 2007. Além disso, no acumulado de janeiro a novembro, o índice de emprego é positivo em 4,2%.

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