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HSBC pede desculpas por incentivo à sonegação na Suíça

Após as revelações de que ajudou centenas de clientes a burlar impostos, maior banco europeu publicou anúncios de páginas inteiras nos jornais pedindo 'sinceras desculpas'

Por PAUL SANDLE E STEVE SLATER
Atualização:

O HSBC pediu desculpas aos clientes e investidores no domingo por práticas do passado em seu banco privado na Suíça depois de alegações de que ajudou centenas de clientes a burlar impostos. O maior banco da Europa disse em anúncios de página inteira em jornais britânicos que a recente cobertura da mídia que focou na operação suíça e em assuntos financeiros de alguns de seus clientes tinham sido uma experiência dolorosa e que as normas em vigor hoje "não estavam universalmente estabelecidas" no passado. "Por isso, oferecemos nossas mais sinceras desculpas", disse a propaganda. O anúncio é dirigido a clientes, acionistas e colaboradores e é assinado pelo presidente-executivo, Stuart Gulliver. A maior parte da mensagem ecoa um e-mail enviado aos funcionários na sexta-feira, quando Gulliver disse que o banco tinha, por vezes, não conseguido fazer jus aos padrões esperados. O HSBC admitiu falhas no cumprimento e controle em seu banco privado suíço, após as alegações da mídia de que a instituição pode ter habilitado clientes a esconderem milhões de dólares em ativos, embora Gulliver tenha dito que muitas pessoas mencionadas como clientes tinham já deixado o banco há muito tempo e que alguns nunca foram clientes. As revelações provocaram uma discussão política na Grã-Bretanha sobre as práticas do HSBC e se as autoridades fiscais tinham feito o suficiente para buscar eventuais infratores. A Comissão do Tesouro da Grã-Bretanha chamou o presidente do banco e o executivo-chefe para prestarem depoimento sobre o assunto em 25 de fevereiro, de acordo com um memorando obtido pela Reuters na sexta-feira.

O HSBC é acusado de ter ajudado 8,7 mil clientes brasileiros a depositar cerca de U$$ 7 bilhões em seu banco na Suiça, sem que a origem do dinheiro fosse declarada. Foto: REUTERS/Pierre Albouy

EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA O ministro de Negócios britânico, Vince Cable, disse que está buscando garantia de que tais práticas ficaram para trás. "Uma coisa é dizer que estas coisas aconteceram há 10 anos, e nós precisamos de uma explicação adequada disso, mas o que é absolutamente essencial é que as práticas não continuem", disse Cable na Sky News, acrescentando que tinha escrito para o HSBC. Cable também disse que as autoridades fiscais têm de adotar uma abordagem mais firme. "O tratamento com pequenas pessoas e pessoas pobres é muito severo, mas os peixes grandes - as empresas e indivíduos ricos não estão sendo tratados a sério", disse o Cable. "Isso está errado e tem que mudar." As revelações foram constrangedoras para um governo que tinha o ex-chefe do HSBC Stephen Green como ministro para o Comércio de 2011 a 2013. "(Green) ainda não se manifestou sobre o seu papel no assunto e eu certamente gostaria que ele fizesse isso", disse Cable no domingo. Green deixou o cargo de presidente do Conselho de Administração do grupo de serviços financeiros TheCityUK no sábado. O banco disse que a grande maioria das 140 pessoas mencionadas nos reportagens como clientes do seu banco suíço tinha deixado o banco e que, desde então, a instituição estabeleceu controles muito mais rigorosos sobre quem aceitaria como clientes. "Nós não temos absolutamente nenhum apetite para fazer negócios com clientes que estão sonegando seus impostos ou que deixam de cumprir com os nossos padrões de conformidade de crime financeiro", disse Gulliver.

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