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Iagro admite falha no controle de aftosa

Apesar de admitir erro, Iagro aponta que responsabilidade de fiscalização da fronteira é do governo federal

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária e Vegetal (Iagro) do Mato Grosso do Sul, João Cavalléro, admitiu nesta segunda-feira, 14, que há falhas na vigilância sanitária da região de fronteira com o Paraguai, onde ocorreram 34 surtos de febre aftosa desde outubro do ano passado, mas que, segundo ele, não invalidam os esforços feitos para controlar a doença. "Fizemos uma operação brutal lá, abatemos 35 mil animais, vacinamos todo o gado. Se têm falhas, tem, mas hoje o risco é muito menor e não é tudo culpa nossa." Conforme o "Estado" mostrou, os postos de fiscalização não têm energia e fecham durante a noite por falta de segurança. Havia também gado solto na região interditada, na fronteira entre os dois países. Segundo ele, a fiscalização do contrabando de animais na fronteira é responsabilidade do governo federal. "Quem tem de ver isso é o Ministério da Agricultura e a Polícia Federal. Nós estamos lá para fiscalizar o trânsito interno e, por delegação, o interestadual." Ele admitiu que a área ainda é de risco, mas disse que todo o trabalho de desinfecção já foi feito. Os jornais paraguaios repercutiram a reportagem publicada pelo Estado, mostrando as condições precárias das barreiras sanitárias na fronteira com o Brasil. O ABC Color, de Assunção, apontou como responsável pelo ressurgimento da aftosa no Mato Grosso do Sul "a negligência do Estado" na vigilância sanitária. Cavalléro voltou a atribuir ao Paraguai os problemas que os produtores do Estado enfrentam em decorrência do surgimento da aftosa. "A aftosa na América do Sul vem do chaco paraguaio. Todos sabem disso." Ele reclamou que, sempre que o preço da arroba do boi sobe, fala-se em novo surto de aftosa. "O Mato Grosso do Sul produz carne de qualidade, mas se vê obrigado a continuar vacinando o gado, o que o impede de conquistar mercados mais exigentes, por causa dos problemas na fronteira." Índios O presidente do Movimento Nacional de Produtores (MNP), João Bosco Leal, disse ter informações de que, mesmo depois do abate de 34 mil bovinos para conter os focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul, o gado confinado na Reserva Porto Lindo, dos índios guaranis-caiovás, não foram vacinados. "Soube pelos produtores vizinhos que não foi feita, até agora, uma vistoria lá para verificar se o gado tem ou não a doença." De acordo com Leal, os agentes sanitários não conseguiram entrar na reserva porque os índios não permitem. "Sem o consentimento deles, a Funai nada pode fazer." Os índios ocupam uma área de 11 mil hectares e também trazem gado paraguaio para a reserva. "Fazer assentamentos indígenas e de sem-terra na fronteira é crime contra a segurança nacional, disse. Segundo ele, o contrabando de gado paraguaio não parou e teria, inclusive, o envolvimento de políticos. "A única saída é erradicar a aftosa de todo o Mercosul, mas para isso, é preciso vontade política." O ruralista defendeu também o fim da vacinação como forma de controle da doença. "Não está funcionando e implica, no Mato Grosso do Sul, um gasto anual de R$ 70 milhões para os produtores, só com a compra da vacina." O presidente da Iagro disse que o gado dos índios foram vistoriados e vacinados. "Matamos todos os animais que tiveram contato com a doença e acompanhamos a vacinação." Segundo ele, os assentamentos também recebem a vacinação assistida, a chamada agulha oficial. "Aplicamos 500 mil doses por etapa, inclusive no gado de periferia."

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