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IBGE: crise externa inda não afetou mercado de trabalho

Por Jacqueline Farid
Atualização:

O gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo, disse hoje que a crise internacional ainda não teve efeito no mercado de trabalho metropolitano do País. "Com toda essa turbulência internacional, o mercado de trabalho ainda não está sentindo os efeitos da crise ao ponto de ocorrer redução do número de ocupados. Não estão ocorrendo demissões, o mercado está contratando", disse. Azeredo argumenta que a pesquisa divulgada hoje mostrou um aumento de 0,8% no número de ocupados em outubro ante setembro, com a geração de 176 mil vagas de um mês para o outro. Na comparação com outubro do ano passado, foram feitas 855 mil contratações. "O nível de ocupação subiu, a taxa está estável, parece não haver reflexo da crise", disse. Azeredo observou que um dos primeiros sintomas da crise no mercado de trabalho costuma ser o aumento da informalidade, o que também não ocorreu em outubro. Ao contrário, ele destacou o aumento de 1,9% no número de contratações com carteira assinada ante setembro. Rendimento A queda de 1,3% no rendimento médio real dos ocupados em outubro ante setembro representou o maior recuo na margem, apurado pelo IBGE desde janeiro de 2006 (-1,6%). O gerente da pesquisa mensal de emprego do instituto disse que a queda na renda ante setembro ocorreu em quatro (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife) das seis regiões pesquisadas, com aumentos apenas em Belo Horizonte e Porto Alegre. Segundo Azeredo, o deflator da renda real, que é o INPC médio das seis regiões pesquisadas, subiu para 0,50% em outubro, ante 0,16% em setembro, o que pode ter influenciado o resultado do rendimento. Segundo ele, uma das possibilidades para explicar a queda ante mês anterior, além do deflator, pode ser também a contratação de trabalhadores temporários em outubro, que costumam ganhar menos. Azeredo ressaltou que, apesar da queda na renda ante mês anterior, os dados comparativos a iguais períodos do ano anterior prosseguem positivos. A renda real subiu 4,5% ante outubro de 2007 e, na média de janeiro a outubro de 2008, é 3,3% maior do que igual período do ano passado. Mas a renda real média das seis regiões, nos 10 primeiros meses deste ano (R$ 1.247,16), ainda é 2,8% inferior do que a apurada em 2002, até o mês de outubro daquele ano. 2008 O gerente de pesquisa de emprego do IBGE disse que a série histórica da pesquisa mostra que é provável que a taxa de desemprego final de 2008 seja a menor da série iniciada em 2002. Na média de janeiro a outubro, a taxa de desemprego nas seis regiões ficou em 8%, bem inferior à apurada na média de igual período do ano passado (9,6%). "A chance de termos uma taxa inferior a do ano passado é muito grande", disse. Azeredo destacou também o nível de ocupação (total de ocupados em relação à população total acima de 10 anos de idade nas seis regiões metropolitanas pesquisadas) em 10 meses, que é o maior da série. Em 2008, na média de janeiro a outubro, o nível de ocupação é de 52,4% e no ano passado, no mesmo período, era de 51,4%. São Paulo A taxa de desemprego apurada na região metropolitana de São Paulo em outubro, de 7,7%, é a menor taxa mensal na região de toda a série do IBGE, iniciada em março de 2002, segundo Azeredo. Em setembro, a taxa na região havia sido de 8%. Segundo Azeredo, o que explica o bom desempenho do mercado de trabalho paulista em outubro pode ser estendido para todas as regiões, ou seja, "a economia mostra ainda aquecimento que garantiu que, de setembro para outubro, tenha ocorrido aumento significativo do número de ocupados". Em São Paulo, que representa 40% dos ocupados nas seis regiões metropolitanas pesquisadas, o número de ocupados subiu 1% em outubro ante setembro e 5% ante outubro do ano passado. O número de desocupados na região caiu 3,0% ante setembro e recuou 15,9% ante igual mês de 2007. Segundo Azeredo, a crise internacional ainda não afetou o mercado de trabalho metropolitano em geral, inclusive em São Paulo, porque a economia brasileira ainda mostra vigor. "As mudanças ocorridas no mercado de trabalho foram graduais e continuam se sustentando, porque a economia está bem arrumada, o dever de casa foi bem feito e isso explica porque a crise ainda não afetou o emprego", disse.

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