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IBGE não capta demissões em alta

Taxa de desemprego recua para 6,8% em dezembro, a menor taxa mensal desde 2002

Por Jacqueline Farid
Atualização:

Restrita às seis principais regiões metropolitanas do País, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE não captou, em dezembro, os efeitos da crise sobre o mercado de trabalho, que, segundo o Cadastro Geral de Emprego (Caged), provocou a perda de 654 mil vagas naquele mês. A taxa de desemprego do IBGE, ao contrário, caiu para 6,8% em dezembro, a menor taxa mensal da série histórica da pesquisa, iniciada em 2002. Segundo economistas, porém, os impactos das turbulências serão inevitáveis em janeiro. Na média de 2008, a taxa de desemprego medida pelo IBGE ficou em 7,9%, o menor patamar anual em seis anos. Além da queda no desemprego, dezembro mostrou ainda aumento na formalidade e no rendimento. O gerente da pesquisa, Cimar Azeredo explicou que, tradicionalmente, o mês de dezembro apresenta a menor taxa do ano, como ocorreu em 2008, por causa da contratação de temporários no comércio e a menor procura por uma vaga, já que a última semana do mês é marcada por recessos em várias empresas. Azeredo disse que os efeitos da crise poderão chegar nos dados de janeiro, que serão apresentados no mês que vem. Ele explicou que as diferenças metodológicas entre as pesquisas do IBGE e do Caged são significativas (leia quadro). A PME registrou, em dezembro, criação de 55 mil novas vagas em relação a novembro, a maior parte no comércio. A indústria fechou 90 mil vagas de um mês para o outro. No entanto, Azeredo avalia que nem mesmo esse recuo industrial é um sintoma da crise, já que historicamente o setor registra demissões nesse mesmo patamar no último mês do ano. Para analistas, o cenário positivo apresentado ontem está no retrovisor e não se repetirá em janeiro. O analista da Itaú Securities Mauricio Oreng avalia que a tendência é a de que o número de janeiro do IBGE reflita a diferença dos dados do Caged, que costuma captar as demissões antes do instituto. Ele lembrou que a desaceleração da atividade vem sendo verificada de forma disseminada por vários setores da economia, como construção civil e varejo. Para Ariadne Vitoriano, da Tendências Consultoria, houve desaceleração no ritmo de geração de emprego em dezembro, apesar da queda na taxa e, no primeiro trimestre deste ano, "a geração de empregos deve mostrar fraco desempenho, em linha com a atividade doméstica ainda fraca". A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, diz esperar uma "deterioração contundente" do nível de emprego em janeiro com a perspectiva de que a piora irá avançar pelos meses seguintes. Em relatório sobre a pesquisa, os economista da LCA Consultores também citam os dados do Caged como antecedentes de uma deterioração na PME a partir de janeiro. COLABORARAM CÉLIA FROUFE E FLAVIO LEONEL

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