
16 de junho de 2015 | 10h45
A dinâmica dos preços, da renda e do crédito tem influenciado de forma negativa o desempenho do comércio, afirmou nesta terça-feira Juliana Paiva Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em abril, as vendas no varejo restrito cederam 3,5% ante abril de 2014, o pior resultado para o mês desde 2003. No varejo ampliado, a queda nesta comparação foi de 8,5%, a maior para o mês em toda a série.
"Preços, renda e crédito influenciam o desempenho (negativo) do comércio", disse Juliana. A gerente lembrou que a massa de renda real habitual dos trabalhadores, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), recuou 3,8% em abril ante igual mês do ano anterior. Em abril de 2014, o índice apontava alta de 3,6% no mesmo tipo de confronto.
"O resultado de abril se deve claramente à conjuntura. A renda está caindo, o crédito está diminuindo, a restrição orçamentária é muito grande. Então, as famílias colocam o pé no freio do consumo", afirmou Juliana.
Um dos setores mais sensíveis à renda, os hipermercados e supermercados tiveram queda de 2,3% em abril ante abril do ano passado - a terceira seguida nesta comparação. Já os móveis e eletrodomésticos, que dependem de renda e crédito, tiveram recuo de 16,0% nas vendas no confronto interanual, a quinta baixa seguida. "A conjuntura econômica não está favorável ao comércio", reforçou Juliana.
Veículos. A alta de 4,4% nas vendas de veículos em abril ante março não sinaliza uma retomada do setor, afirmou Juliana. Segundo ela, o desempenho do segmento na comparação com abril de 2014, com queda de 19,5% nas vendas, é um retrato mas fiel ao momento da atividade.
"O resultado positivo de veículos não é reação do setor. O comprometimento de renda das famílias e a expectativa de quadro negativo na economia estão afetando diretamente o setor de veículos", contou.
O desempenho de veículos na comparação com abril do ano passado foi o pior para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2005. Com isso, o varejo ampliado também afundou. A queda nas vendas ante abril de 2014 foi de 8,5%, também a maior para o mês da série.
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