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IBGE prevê que desemprego continuará subindo em março

O primeiro trimestre tradicionalmente é de alta no desemprego, por causa da demissão de trabalhadores temporários contratados no final do ano anterior e também do aumento da procura por uma vaga no mercado de trabalho

Por Agencia Estado
Atualização:

O aumento da taxa de desemprego em fevereiro já era esperado e a elevação deverá prosseguir em março, segundo observou Cimar Azeredo, gerente da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ele, o primeiro trimestre tradicionalmente é de alta no desemprego, por causa da demissão de trabalhadores temporários contratados no final do ano anterior e também do aumento da procura por uma vaga no mercado de trabalho, à espera do aquecimento que costuma ocorrer a partir do segundo trimestre. Para Azeredo, o dado "preocupante, o sinal de alerta" de fevereiro é que a taxa do mês (10,1%) subiu mais do que o esperado em relação a janeiro (9,2%). Ainda que seja a menor taxa para o período desde o início da nova série da pesquisa, em março de 2002, o índice apresentou uma elevação de 0,9 ponto porcentual em relação ao mês anterior, um recorde de aumento na série da pesquisa para o período (janeiro para fevereiro). Conseqüência Segundo ele, ainda não é possível avaliar qual será a conseqüência dessa alta, que ocorreu devido ao aumento da procura por uma vaga - que pressiona o número de desocupados -, para o mercado de trabalho a partir de março. Azeredo observou também que fevereiro foi "praticamente morto" na geração de vagas, já que houve queda de 0,4% - dado que o IBGE considera estabilidade - no número de ocupados ante mês anterior. Ele salientou que "desde o segundo semestre do ano passado não se assiste à criação significativa de postos no mercado de trabalho". Azeredo avalia que este "é um momento de alerta, como sempre ocorre no primeiro trimestre do ano" para o mercado de trabalho. Formalização Azeredo ainda explicou que o mês de fevereiro não trouxe qualquer movimento para o processo de formalização do mercado de trabalho em relação a janeiro. O número de empregados com carteira assinada ficou estável, com aumento de 0,3% ante o mês anterior. O número de empregados sem carteira caiu 3,4% no período, mas o contingente de trabalhadores por conta própria, também considerados informais, subiu 1%. Na comparação com fevereiro de 2005, entretanto, houve um aumento mais forte no número de ocupados com carteira (5,1%) e queda no número de empregados sem carteira (-3,6%). Mesmo sem um movimento expressivo no indicador da formalidade, Azeredo considera positiva a "estabilidade" no número de empregados com carteira nesta época do ano. Outro dado positivo da pesquisa citado por ele é o aumento do rendimento médio real dos trabalhadores, de 1,1% ante janeiro e 2,5% ante fevereiro do ano passado. Segundo ele, o principal motivo dessas altas é a inflação sob controle, mas houve influência também dos recentes dissídios de algumas categorias profissionais. Desemprego sobe em São Paulo Segundo o IBGE, a taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo subiu para 10,5% em fevereiro, ante 9,2% em janeiro. Azeredo explicou que o desempenho do mercado de trabalho paulista puxou para cima a taxa de desemprego na média das seis regiões metropolitanas pesquisadas, mas garantiu também a elevação, na média da pesquisa, do rendimento real dos trabalhadores. Em São Paulo, a renda média cresceu 3,3% em fevereiro ante janeiro, porcentual bem acima da média das seis regiões, que foi de 1,1%. Na comparação com fevereiro do ano passado, o rendimento médio local cresceu 3,9%, também acima da média da pesquisa, que foi de 2,5%. Em reais, a renda média foi de R$ 1.155,50 contra os R$ 999,80 gerais apontados pela pesquisa. Segundo Azeredo, os dados mostram que "mais pessoas estavam ganhando mais" na região, e que esses ganhos foram resultado da inflação sob controle - o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) na região foi de 0,1% em fevereiro - e dos dissídios de várias categorias profissionais.

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