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Ibovespa chega ao fim do 1º tri com apenas 5 ações negativas

Melhor desempenho coube às empresas relacionadas ao consumo interno; o setor de eletricidade teve a pior performance com Eletrobras e Light encabeçando as perdas

Por Vanessa Stecanella e Alessandra Taraborelli
Atualização:

SÃO PAULO - Apesar de o primeiro trimestre de 2012 ter sido pautado pela cautela, o Ibovespa conseguiu encerrar o período com apenas cinco das suas 70 ações em queda. O melhor desempenho coube às empresas relacionadas ao consumo interno. O setor de eletricidade teve a pior performance com Eletrobras e Light encabeçando as perdas. Dasa e Brasil Foods completaram a lista de baixas.

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Hering e Hypermarcas representaram bem os ganhos que as ações voltadas para o consumo interno tiveram neste começo de ano, com altas de 45,07% e 50,35%. A primeira subiu com expectativas do mercado de ganhos decorrentes da nova estrutura da companhia. Após a abertura de capital há cinco anos, a varejista conseguiu firmar sua marca, já forte, com abertura de lojas e modernização da linha de produtos em 2011. Com isso fechou o ano com lucro de R$ 297,274 milhões e crescimento de 40,2% na comparação com 2010.

A expectativa de aumento dos ganhos devido à proximidade de revisão tarifária foi a principal responsável pelo bom desempenho da Sabesp, que foi a quarta maior alta no trimestre. A ação acumula ganhos de 39,02% em 2012, na casa de R$ 70 e ainda assim, o BofA Merrill Lynch reiterou recomendação de compra para o papel, com preço alvo de R$ 81. Em relatório, os analistas Diego Moreno, Felipe Leal e Ariel Simis, afirmam que a evolução regulatória, ao longo dos próximos seis meses, deve ser o principal impulsionador do desempenho das ações.

Outros profissionais destacam também que a companhia avançou no ranking das boas pagadoras de dividendos. Segundo eles, diferentemente do passado, quando a Sabesp distribuiu dividendos mínimos (25%), a companhia vai pagar 47% dos resultados de 2011. A distribuição de R$ 579 milhões (ou R$ 2,54 por ação como juros sobre capital próprio) foi anunciada em janeiro. De acordo com o trio do BofA, nos próximos 60 dias o mercado deve reagir positivamente a esse pagamento de dividendos maiores, que será feito três meses após a assembleia de acionistas previstas para 23 de abril.

A Vanguarda Agro, do setor de biodiesel subiu 31,25% entre notícias e rumores sobre possíveis investidores, garantindo a terceira posição entre as maiores altas do primeiro trimestre. "A ação é muito barata, por isso, a cada um centavo que sobe o efeito é muito grande", lembra Rafael Dornaus, da mesa de Bovespa da Hencorp Commcor. A cotação está em R$ 0,44 no pregão de hoje.

Baixas

No setor de eletricidade, considerado defensivo por especialistas, a Eletrobras foi a empresa com pior desempenho. O papel PNB, por exemplo, perdeu 11,62% nos primeiros meses deste ano, até ontem, e o ON caiu 2,86% no período. Analistas atribuem as quedas a questões como a ajuda às distribuidoras com problemas financeiros (Celg, CEA e Celpa) e planos de expansão para a construção de usinas hidrelétricas com a Argentina.

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A Light ON acumulou perda de 8,72%, devolvendo os ganhos que tinha obtido no ano passado em função de perspectivas positivas por conta a instalação de Unidades da Polícia Pacificados (UPPs) no Rio de Janeiro, conta o analista da Fator Corretora, Renato Pinto. Segundo ele, o mercado apostou que a organização das comunidades carentes poderia facilitar a instalação legal de redes elétricas e evitar os prejuízos com ligações clandestinas.

O segmento de saúde entrou na lista das piores performances com a Dasa que teve recuo de 5,61% entre janeiro e março, até ontem. Para isso foi determinante o imbróglio na aprovação da incorporação da MD1 Diagnósticos. A Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda recomendou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que vete uma parte significativa da negociação da MD1, que pertence à Amil, e à Dasa. Com essa sugestão e sem a apresentação de soluções, a parceria entre as companhias de análise clínica poderá ter de ser desfeita. Para a Seae, a operação fechada em dezembro de 2010 não pode ser vista como um ato só de concentração, mas sim, vários deles.

A ação também refletiu reação negativa dos investidores à saída do diretor Financeiro da Dasa, José Maurício Mora Puliti, em meados de fevereiro. Por fim, a companhia registrou queda de 3,9% no lucro líquido do ano passado se comparado com 2010, para R$ 145,3 milhões.

Agora, o mercado deve centrar suas atenções na temporada de balanços corporativos do primeiro trimestre de 2012, que deve começar no final de abril. Os números operacionais dessas companhias, aliados aos indicadores macroenômicos, podem apontar como está a atividade industrial, o crédito e o consumo. A junção desses fatores servirá como pano de fundo para a tomada de decisão dos investidores, que tiveram que colocar o pé no freio neste trimestre depois de perceber que o cenário melhorou, mas nem tanto.

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