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Ibovespa: retorno médio por ação subiu desde 1999

Segundo a Economática, do dividend yield das empresas que compõem o Ibovespa pulou de 2,8% em 99 para 5,4% no ano passado. O dividend yield pode ser usado na análise da rentabilidade esperada de uma ação. No entanto, essa alta tem como forte componente a queda das ações na Bovespa.

Por Agencia Estado
Atualização:

A média do dividend yield das empresas que compõem o Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa de valores de São Paulo (Bovespa) - era de 2,8% em 99, segundo a Economática. O indicador, que mede o porcentual de dividendo pago por uma companhia na comparação com o preço de suas ações, pulou para 4,4% em 2000 e atingiu 5,4% no ano passado. A pesquisa foi feita com base em uma média simples, que não leva em conta a fatia de cada empresa no Ibovespa, ou seja, dá a todas o mesmo peso. A pesquisa da Economática também leva em conta apenas os proventos anunciados pelas companhias. O dividend yield é uma taxa obtida dividindo-se o valor do dividendo distribuído por ação pelo preço atual da ação. O indicador pode ser usado na análise da rentabilidade esperada de uma ação. Por exemplo, se uma ação custa R$ 100,00 e se espera, com base na política de distribuição e nas projeções de lucro da empresa, uma distribuição de dividendos de R$ 15,00 por ação, tem-se então um yield de 15%. O estrategista de renda variável do JP Morgan, Pedro Martins, lembrou que a média de dividend yield das empresas que compõem o Ibovespa em 99 ficou deprimida devido à desvalorização do real. "Muitas empresas tiveram resultados negativos com suas dívidas em dólar e, como o dividendo deriva do lucro, o nível de pagamentos ficou mais baixo." A recuperação de 2000, segundo ele, veio com a melhora do câmbio e o retorno dos resultados "a uma base mais normalizada". O aumento no dividend yield de 2000 para 2001, no entanto, tem como forte componente a queda das ações da Bovespa, segundo analistas. Quanto mais baixo o preço que o investidor paga pelos papéis, maior será o seu retorno com os dividendos. "A Bolsa fechou 2000 com 16.830 pontos e encerrou o ano passado valendo 14.300 pontos", lembrou Pedro Martins. Os especialistas não se arriscam a afirmar que o aumento do dividend yield de 2000 para 2001 esteja ligado também a uma elevação geral no pagamento de dividendos. "Os lucros do ano passado foram menores que em 2000, com fatores negativos como o racionamento de energia", disse Pedro Martins. Casos específicos contribuem para elevação O analista de renda variável do BNP Paribas Asset Management, Luis Fernando Oliveira, acredita que, além do preço das ações, alguns casos específicos contribuíram para a elevação da média de dividend yield entre 2000 e 2001. Entre eles está o da primeira colocada no ano passado, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), cujo indicador disparou de 9,3% para 92,6%. O salto deve-se à operação de descruzamento de fatias acionárias com a Vale do Rio Doce. Ao distribuir dividendos gordos, a empresa deu aos controladores mais recursos para bancar a operação. Outro caso é o da Petrobras. O lucro recorde fez com que o dividend yield passasse de 1,8% para 6,4%. A segunda colocada na lista de 2001 é a tradicional boa pagadora Souza Cruz, com indicador de 15,9%. "Trata-se de uma empresa madura, que precisa investir pouco e possui caixa de sobra", afirmou o chefe de análise do Banco Safra, Sérgio Goldman. A terceira colocada do Ibovespa em dividend yield em 2001 foi a Copene, com 11,2% (11,5% em 2000). A Eletrobrás veio em seguida, com 9,5% (8,1% em 2000), acompanhada pela Tractebel Energia (9,2%), Petrobras Distribuidora (9,1%), Vale do Rio Doce (8,6%, ante 7,5%), Usiminas (7,5%, ante 4,4%) e, depois de Telesp, Gerdau, com 7,3% (ante 6,7%). "A amostra dissipa a imagem de que os bancos são bons pagadores de dividendos", disse Sérgio Goldman. "O fato de pagarem dividendos constantemente dá essa idéia errônea." Nenhum banco aparece entre os dez primeiros colocados de 2001. O primeiro da lista é Bradesco, com 4,9% (ante 4,3%). O Itaú ficou com 3,1%, ante 2,6%, acompanhado por Banco do Brasil, com 2,7%, ante 3,9%. Entre as empresas de telefonia, apenas a Telesp apareceu entre os dez maiores dividend yields de 2001, com 7,3%, ante 6,9% em 2000. "O ano passado foi o último que essas companhias tiveram para antecipar metas e seus caixas foram destinados para esse fim", disse o chefe de análise da Itaú Corretora, Reginaldo Alexandre. Segundo Sérgio Goldman, a Telesp antecipou investimentos e não possui dívida muito alta. "É uma exceção, mas que pode mostrar uma tendência para os próximos anos." Analistas não chegam a consenso sobre 2002 Os analistas não chegam a um consenso em relação ao dividend yield das companhias do Ibovespa para 2002. Para o chefe de análise do Banco Safra, Sérgio Goldman, os resultados das empresas esse ano devem ser melhores do que em 2001, o que elevaria naturalmente o pagamento de dividendos. "A economia deve crescer, a variação do câmbio provavelmente será menor e as companhias estarão mais protegidas. O Ebitda será melhor." Reginaldo Alexandre, da Itaú Corretora, também acredita em tendência de melhoria de pagamentos, mas apenas se o cenário econômico melhorar. Ele ponderou, no entanto, que as companhias podem aproveitar a retomada para desengavetar investimentos. O analista de renda variável do BNP Paribas Asset Management, Luis Fernando Oliveira, acha que a tendência é de piora no quadro. "Não vejo porque a distribuição atual mudaria, 2002 é um ano meio perdido, com um cenário turbulento, que inclui as eleições. Em 2003, as empresas tendem a ficar mais líquidas."

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