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Ibovespa se ajusta a quadro eleitoral incerto e já acumula queda de 7% no mês

O principal índice da Bovespa caiu abaixo de 57 mil pontos pela primeira vez desde agosto nesta sexta-feira, completando a segunda semana de perdas, reflexo de ajustes de posições a um cenário mais disputado na corrida eleitoral, no último pregão antes do vencimento dos contratos de opções. A queda nos índices acionários e a alta no rendimento dos Treasuries em Wall Street, em meio a expectativas de um tom mais rigoroso do Fed sobre juros na próxima semana, além do receio após novas sanções à Rússia, corroboraram o viés negativo. O Ibovespa encerrou em queda de 2,42 por cento, a 56.927 pontos, menor patamar de fechamento desde 14 de agosto. O volume financeiro do pregão somou 9,8 bilhões de reais. "O cenário eleitoral agora mais incerto fez o mercado piorar bastante", escreveu o BTG Pactual em nota a clientes. Na semana, o Ibovespa acumulou uma perda de 6,2 por cento, elevando o declínio no mês para 7,1 por cento, comendo boa parte dos ganhos de agosto (+9,78 por cento), quando a morte do então presidenciável do PSB Eduardo Campo causou uma reviravolta no cenário eleitoral. Com a ex-ministra Marina Silva assumindo a candidatura à pelo PSB e com um programa de governo alinhado a interesses do mercado financeiro, agentes viram nas primeiras pesquisas de intenção de voto possibilidade real de alternância em Brasília, o que impulsionou a Bovespa. Mas a recuperação da presidente Dilma Rousseff (PT) nos levantamentos mais recentes deixou agentes reticentes a sustentar o rali, preferindo reduzir posições na espera de novos desdobramentos. Nesta sexta-feira, foi o levantamento CNI/Ibope que reforçou o cenário mais disputado ao mostrar a candidata do PSB com 43 por cento das intenções de voto contra 42 por cento de Dilma em eventual segundo turno da eleição presidencial. Há duas pesquisas no radar com divulgação prevista para a próxima semana: Vox Populi coletando dos dias 13 a 14 e Ibope indo a campo entre 11 e 16 de setembro. "As pesquisas estão ditando muito o rumo do que acontece na bolsa brasileira", disse o estrategista do Citibank Fernando Siqueira, destacando que papéis sensíveis à questão, como os de estatais ou relacionados a juros. Entre as estatais, Petrobras despencou e acumula no mês perda ao redor de 13 por cento. O setor imobiliário também esteve entre as maiores quedas na sessão, com PDG Realty liderando as perdas do índice. Em teleconferência com clientes do Itaú BBA, o consultor político e sócio da CAC Consultoria Luciano Dias demonstrou pragmatismo com a evolução recente de Dilma nas pesquisas. "A eleição estava prevista para ser competitiva e ela está manifestando a sua competitividade", disse.

Por PAULA AREND LAIER
Atualização:

ALÉM DAS ELEIÇÕES

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Outra pressão negativa veio do exterior, com o anúncio de novas sanções contra a Rússia reforçando o tom defensivo por causa da reunião do Federal Reserve na próxima semana.

Para Siqueira, do Citi, a reunião do banco central norte-americano é um risco no curto prazo e pode pressionar os mercados se houver alguma sinalização de mudança significativa sobre perspectiva do momento da alta dos juros nos EUA.

A valorização do dólar frente ao real para o maior nível em quase 10 meses fez ações de empresas cujas receitas são expostas à moeda norte-americana subirem, entre elas Suzano Fibria, Braskem, Embraer e algumas siderúrgicas.

Vale também destoou e valorizou-se, após firmar acordo com a chinesa Cosco para cooperação estratégica no transporte marítimo de minério de ferro. A equipe da Brasil Plural disse que a parceria deve ajudar a Vale a atracar seus navios nos portos da China.

Ainda vale citar relatório do BTG Pactual revisando estimativas e preços-alvos para o setor de varejo, colocando Cia Hering, Lojas Americanas e Pão de Açúcar como suas preferidas, enquanto no final da lista apareceram Natura e Marisa.

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