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Ideia de transferir Pazuello para secretaria de concessões desagrada ala do governo

Para um membro do alto escalão do governo, transferência daria um 'sinal muito negativo' para investidores; avaliação é de que a área de concessões é, hoje, uma das poucas que têm conseguido avanço efetivo por se distanciar de acomodações com viés político

Foto do author André Borges
Foto do author Amanda Pupo
Por André Borges , Amanda Pupo (Broadcast) e Anne Warth
Atualização:

BRASÍLIA - A possibilidade de nomear o general Eduardo Pazuello para o comando da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) desagradou profundamente a ala do governo que atua diretamente com os projetos de concessões tocados pelo departamento.

Para um membro do alto escalão do governo, ouvido pela reportagem sob a condição de anonimato, a transferência daria um "sinal muito negativo" para os investidores,A avaliação geral é de que a área de concessões é, hoje, uma das poucas que têm conseguido avanço efetivo no governo, por ter um tratamento técnico e se distanciado de acomodações com viés político.

Paulo Guedes, ministro da Economia, e general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde Foto: Dida Sampaio/Estadão

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É na secretaria do PPI, por exemplo, que são desenhadas as concessões dos projetos do Ministério da Infraestrutura, como leilões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, além de empreendimentos do setor elétrico, além de outros projetos de desestatização. Quem coordena o PPI hoje é Martha Seillier, considerada de perfil técnico e elogiada pela condução da secretária. A chance de o general assumir o lugar de Seillier virou até mesmo motivo de piada, por ser uma solução considerada absurda, segundo fontes ouvidas reservadamente.

Pazuello não tem nenhum tipo de experiência com o trabalho executado pela secretaria, que hoje faz parte da estrutura do Ministério da Economia, mas já foi subordinada à Casa Civil. A avaliação é de que, se a nomeação de Pazuello for confirmada, o PPI poderia mudar outra vez de endereço, para ficar debaixo do guarda-chuva da Secretaria-Geral da Presidência, com o ministro Onyx Lorenzoni.

Um dos argumentos contra essa possibilidade é que a ala técnica tem uma janela curta, de menos de um ano, para fazer avançar a agenda de privatizações. O próximo ano será marcado ainda mais pelas pretensões eleitorais de Bolsonaro, o que reduz a margem para essa área do governo, politicamente sensível, de fato avançar. Colocar Pazuello numa secretária crucial para a atração de investimentos privados logo após o pedido de saída de André Brandão do Banco do Brasil e da interferência de Bolsonaro no comando da Petrobras só serviria para deteriorar a imagem do governo perante investidores, apontam fontes. O ano precisa ser de retomada, sem espaço para deslizes, dizem.

Conforme informou o Estadão, o entendimento dentro da área jurídica do governo é que, se assumir a secretaria do PPI, Pazuello não terá garantida a prerrogativa de foro. O ex-ministro da Saúde é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal por suposta omissão na crise no sistema de saúde do Amazonas, no início do ano.

Já houve questionamento anterior sobre o tema, durante o governo de Michel Temer, quando foi dado o status de natureza especial ao cargo de Marcelo Calero, na época nomeado como secretário de Cultura. Na ocasião, a Casa Civil estabeleceu o entendimento que o novo cargo não garantiria prerrogativa de foro ao ocupante.

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