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Análise: Idosos de volta à ativa

Dentre os que pertencem à PEA, destacam-se aqueles com idade igual ou superior a 50 anos, responsáveis por 90% do aumento

Por Rodrigo Leandro de Moura
Atualização:

A divulgação da taxa de desemprego da PME de julho surpreendeu com o aumento atípico para essa época do ano, muito acima da média das projeções do mercado. O que chamou mais atenção foi a elevação da população economicamente ativa (PEA) - que inclui as pessoas ocupadas ou desocupadas, mas que procuram emprego -, cujo crescimento dobrou em relação aos últimos meses. Dentre os indivíduos que pertencem à PEA, destacam-se aqueles com idade igual ou superior a 50 anos, responsáveis por 90% do aumento. Pessoas mais velhas - e, consequentemente, mais experientes - procurando emprego indicam algumas possibilidades. Uma delas é que boa parte dos postos de trabalho destruídos nos últimos meses se referiam a empregos de salário mediano ou alto, o que, em geral, estão atrelados a trabalhadores mais experientes e, assim, mais velhos. Dessa forma, o nível elevado da PEA dos mais velhos refletiria simplesmente a transição dessas pessoas da condição de empregadas para desempregadas. No entanto, o aumento da PEA (de mais de 450 mil em relação a julho de 2014) é bem superior, em termos absolutos, à queda da população ocupada no mesmo período de comparação (de quase 210 mil), o que nos leva a uma segunda possibilidade: pessoas mais velhas que são dependentes de outros membros da família, os quais perderam emprego e cujo poder aquisitivo dos seus rendimentos decaiu, voltaram à ativa em busca de um emprego com o objetivo de recompor o seu orçamento e o de sua família. Em termos macroeconômicos, o aumento da força de trabalho é bom para a economia, pois aumenta a oferta do grupo de trabalhadores mais experientes, elevando a competição por emprego e, assim, contribuindo para reduzir a pressão salarial e, consequentemente, a inflação. Mas, por outro lado, como não alcançamos ainda o fundo do poço, a recessão econômica deverá minguar as oportunidades para esse seleto grupo de trabalhadores. Por serem mais experientes, dificilmente aceitarão uma proposta de emprego cuja remuneração beire o salário mínimo.*É pesquisador do Ibre/FGV

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