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IGP-10 tem alta de 1,96%, a maior em mais de 5 anos

Para a FGV, resultado de junho pode contribuir para que o Banco Central continue a elevar a Selic

Por Alessandra Saraiva
Atualização:

Avanços da inflação no atacado, no varejo e na construção civil levaram o Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) a atingir o maior patamar em mais de cinco anos. O indicador subiu 1,96% ante 1,52% em maio. A taxa em 12 meses até junho ficou em 12,71% - a maior em mais de quatro anos. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), esse cenário pode estimular o Banco Central a continuar a elevar a taxa básica de juros (Selic). Mesmo em um cenário de altas disseminadas de preços, mostrado pelo índice, o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, não acredita que o teto de 6,5% da meta inflacionária para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) possa ser ultrapassado em 2008. "O limite superior está preservado." Para ele, a inflação pode perder força no segundo semestre, o que conduziria a um resultado dentro da meta. O período de coleta de preços do IGP-10 foi do dia 11 de maio a 10 de junho. Entre as contribuições para o resultado está a aceleração do setor atacadista (de 1,91% para 2,21%), de maior peso entre os três setores pesquisados. Foi registra uma elevação de preços mais intensa nos bens finais (de 0,51% para 1,65%). Isso porque houve uma "virada" nos preços dos produtos in natura, que tiveram deflação de 6,10% em maio mas subiram 8,03% em junho. "O feijão subiu muito, com alta de 20,95% em junho, ante queda de 9,89% em maio. Há uma insuficiência de safra para atender à forte demanda", afirmou. No varejo, a inflação foi de 0,93% em junho, ante 0,67% em maio - maior nível em mais de cinco anos. Mais uma vez, a movimentação de preços no grupo alimentação foi destaque. O aumento no setor passou de 1,70% em maio para 2,40% em junho, com destaque para hortaliças e legumes (de 5,96% para 10,28%); arroz e feijão (de -2,28% para 7,82%) e carnes bovinas (de 2,12% para 5,14%). A inflação na construção civil subiu para 2,66% em junho - mais que o dobro da de maio (0,85%) e a mais elevada em cinco anos. O aumento da demanda, aliado ao grande número de empreendimentos no setor, levou a altas mais intensas de preços em material de construção (de 1,06% para 1,83%); serviços (de 0,40% para 1,40%); e mão-de-obra (de 0,74% para 3,69%), de maio para junho. Os preços dos bens de investimento no atacado dispararam de 0,03% para 1,11% de maio para junho. Segundo Quadros, a elevação foi a mais intensa desde maio de 2005 (1,87%). "Isso já é uma ameaça para a inflação presente." Ele explicou que a demanda aquecida estimula as indústrias a expandirem a produção e, para isso, é preciso aumentar as compras de equipamentos.

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