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IGP de 1,89% é o maior em 5 anos

Para FGV, apesar da alta, índice de julho dá sinais de desaceleração, pois ficou muito próximo do de maio (1,88%)

Por Alessandra Saraiva
Atualização:

A inflação medida pelos Índices Gerais de Preços (IGPs) começa a indicar desaceleração. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, ao detalhar o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de junho, que subiu 1,89%, por causa do aumento dos preços no atacado (de 2,22% para 2,29%). TV Estadão: saiba como investir com inflação Embora tenha sido o mais elevado nível em mais cinco anos, a taxa foi muito parecida com a de maio (1,88%). Para o economista, resultados tão próximos indicam que a inflação pode ter atingido seu auge. "Essa taxa de junho reforça a idéia de que podemos estar diante do início de um processo de desaceleração. Mas esse processo deve ser lento, e não generalizado." Para o economista da FGV, há uma chance de a inflação de 2008 superar o teto da meta inflacionária estabelecida pelo governo, de 6,5%. "Há uma chance de, em dois ou em três meses, se superar essa barreira psicológica (dos 6,5%)." Ele comentou que o comportamento dos preços dos alimentos no segundo semestre será decisivo no resultado. No IGP-DI de junho, a inflação dos alimentos perdeu força tanto no atacado (de 3,35% para 2,66%) quanto no varejo (de 2,33% para 1,85%). Entretanto, houve aumentos de preços em produtos importantes no atacado, cujas altas são rapidamente repassadas para o comércio. É o caso das elevações de preços em feijão em grão (23,82%); bovinos (11,29%) e soja (10,17%). "Os fundamentos (para a inflação dos alimentos) não mudaram. Há uma demanda grande, e os estoques estão reduzidos. A oferta está respondendo, mas de forma lenta e gradativa", alertou. Quadros admitiu que a taxa em 12 meses do IGP-DI deve continuar subindo, pelo menos até julho. Isso porque a comparação será com o resultado de 0,37% de julho de 2007, enquanto o saldo do mês que vem deve ser superior a isso. "Vamos substituir, na série, uma taxa pequena por uma mais elevada. Ou seja, vamos continuar com o avanço na taxa em 12 meses." Até junho, o indicador acumula elevação de 13,96% - a maior em mais de quatro anos. Embora não seja mais usada para reajustar a tarifa de telefone, o IGP-DI ainda é usado como indexador das dívidas dos Estados com a União. Em junho, Quadros explicou que, no atacado, houve alta no segmento de matérias-primas brutas (de 2,96% para 3,33%), por causa de avanços nas taxas de inflação de soja (de 0,62% para 10,17%); e de bovinos (de 3,98% para 11,29%). "Somente esses dois produtos responderam por quase a metade da inflação do setor atacadista, e por cerca de um terço da taxa do IGP-DI no mês", informou Quadros. O setor atacadista foi o único, entre os três pesquisados, a apresentar elevação mais intensa de preços de maio para junho. Houve perda de ritmo no aumento de preços no varejo (de 0,87% para 0,77%) e na construção civil (de 2,02% para 1,92%), no mesmo período. IPC-S Ontem, a FGV também anunciou os resultados regionais de inflação das sete capitais usadas para cálculo do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) da primeira semana de julho. Das sete cidades, quatro apresentaram elevação mais intensa de preços, entre a última semana de junho e a primeira deste mês. A inflação na cidade de São Paulo, a de maior peso no cálculo do índice, foi uma das que avançaram (de 0,86% para 0,91%) no período.

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