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IGP-DI sobe forte em agosto e deve ter lenta desaceleração

Por RODRIGO VIGA GAIER
Atualização:

A inflação medida pelo IGP-DI mais do que triplicou em agosto, e a pressão sobre os preços provocada pelos alimentos pode levar até três meses para desaparecer, avaliou nesta quarta-feira a Fundação Getúlio Vargas. O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 1,39 por cento no mês passado, depois de ter avançado 0,37 por cento em julho. A alta, a mais intensa desde maio de 2004, reforça as preocupações de analistas com o comportamento dos preços no país. "A taxa de agosto não representa um novo patamar, mas a desaceleração vai ser gradativa", afirmou Salomão Quadros, economista da FGV responsável pelos cálculos. "Ainda há muita pressão e a previsão é que o IGP permaneça pressionado por mais dois ou três meses", acrescentou. Essa perspectiva de volta gradual da inflação para patamares mais controlados acabou forçando a FGV a rever suas previsões para os índices gerais de preços (IGPs) em 2007. A expectativa agora é que esses indicadores acumulem ao longo do ano uma alta entre 4,0 e 4,5 por cento, e não mais algo entre 3,5 e 4,0 por cento. De janeiro a agosto, o IGP-DI subiu 3,24 por cento. Nos últimos 12 meses, a inflação apurada pelo indicador foi de 5,19 por cento, a mais alta desde junho de 2005 neste tipo de comparação. COMIDA PESADA Mais uma vez, os produtos agrícolas e os alimentos foram responsáveis pela surpresa desagradável. Cerca de 60 por cento da taxa do IGP-DI de agosto pode ser creditada a esses itens. Essa alta está relacionada à entressafra de alguns produtos no mercado interno, como o leite e a carne. Além disso, há uma demanda maior no mercado internacional, aliada a um aumento nas cotações das commodities, avaliou Quadros. "Você vai ter um jogo de força daqui para a frente. Os bovinos já começam a cair na ponta da série, mas, por outro lado, haverá efeitos da entressafra da cana-de-açúcar. Já há sinais do aumento do preço do leite nas áreas produtoras. A inflação de 2007 é de alimentos", disse o economista. A pressão no atacado já chegou ao varejo e tende a se intensificar. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), um dos três componentes do IGP-DI, subiu 0,42 por cento em agosto, depois de ter avançado 0,28 por cento no mês anterior. Esse repasse no aumento dos custos já pode ser identificado em alguns produtos. No caso do leite, por exemplo, o custo no atacado subiu 51,32 por cento no ano. No varejo, o avanço foi de 56,4 por cento. Os bovinos acumulam alta de 18,86 por cento de janeiro até agosto no atacado. No varejo, o aumento no período foi de 13,60 por cento. "O repasse das altas dos alimentos é quase que automático. Ninguém acumula muitos estoques. O consumidor tem que esperar a intensificação do repasse de preços nos próximos meses", alertou Quadros.

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