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IGP-M de maio dá um salto e atinge 1,61%

Além dos alimentos, inflação foi puxada pelo preço no atacado do minério de ferro e do diesel

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Por Márcia De Chiara
Atualização:

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), deu um salto neste mês, puxada pelos preços no atacado e pela construção civil. O índice atingiu 1,61%, maior taxa desde dezembro do ano passado (1,76%), quando houve o primeiro choque agrícola. Se for excluído esse último pico, desde fevereiro de 2003, não se via um IGP-M tão alto. Naquele mês, o indicador atingiu 2,28%. O resultado do IGP-M de maio confirma a aceleração e a disseminação da inflação para outros grupos de produtos industriais importantes, além dos alimentos. O resultado de maio foi mais que o dobro do registrado em abril (0,69%). Em 12 meses, o IGP-M acumula alta de 11,53% e o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, diz que "não é impossível" que o índice feche o ano em dois dígitos. Para ele, houve uma combinação desfavorável de fatores que jogou para cima o IGP-M de maio. "Ocorreu novamente um choque de preços dos produtos agrícolas, com destaque para o arroz, combinado com a alta do minério de ferro e do óleo diesel", destacou Quadros. O preço do minério de ferro, por exemplo, subiu 11,76% no atacado, após ter aumentado 5,49% em abril. O diesel no atacado também seguiu trajetória de alta: aumentou 5,19% neste mês, ante elevação de apenas 0,76% em abril. No caso do arroz, a alta foi de 30,80% neste mês. Em abril, o arroz tinha subido 6,44% no atacado. Com essas pressões, o Índice de Preços por Atacado (IPA) mais que triplicou de abril para maio, passando de 0,65% para 2,01%. Os produtos agropecuários subiram no atacado 2,29% este mês, enquanto os industriais aumentaram 1,91%. Mas a contribuição dos industriais para a alta da inflação no atacado foi maior, observou Quadros. De uma elevação de 2,01% do IPA, os produtos industriais contribuíram com 1,38 ponto porcentual e os agropecuários, com 0,63 ponto. A dinâmica de alta do atacado começa a ser dada, com mais força, pelos produtos industriais, que são a base da cadeia de fabricação de outros produtos. "Vários derivados de petróleo estão subindo de preço e isso significa aumentos de custos", disse Quadros. Ele ponderou que os aumentos recentes de preços estão nas "camadas subterrâneas" do índice e os repasses podem ocorrer, mas não de forma tão imediata como ocorreu com os alimentos. Por isso, disse ele, a política monetária tem de ser usada para conter esse espalhamento das altas de preços. O Índice Nacional da Construção Civil (INCC), que pesa 10% na composição do IGP-M , ante 60% no caso do IPA, também ajudou a puxar para cima o resultado. O INCC de maio fechou com alta de 1,10%, ante elevação de 0,82% em abril. Quadros disse que o indicador foi puxado pelos materiais e pela alta do custo da mão-de-obra, por causa dos dissídios. No caso dos materiais, o destaque é para o vergalhão de aço, com alta de 3,94%, e o cimento (2,08%). Quadros prevê que o INCC continue pressionado nos próximos meses em razão da demanda aquecida. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) perdeu fôlego neste mês e subiu 0,68%, ante 0,76% em abril. O movimento refletiu a estabilidade dos alimentos graças à queda dos produtos in natura.

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