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IGP-M não deve acumular deflação em 2010

Em 2009, pela primeira vez na história, indicador registrou deflação

Por Flavio Leonel e da Agência Estado
Atualização:

O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, disse nesta terça-feira, 29, que acredita ser pouco provável a chance de uma repetição de um quadro de deflação para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) em 2010. Em entrevista à imprensa, ele destacou que não trabalha com esta possibilidade porque os motivos que levaram o indicador de inflação da FGV à primeira deflação de sua história em 2009 não devem voltar a aparecer da mesma maneira no próximo ano.

 

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A instituição divulgou que o IGP-M apresentou queda acumulada anual inédita de 1,72% em 2009 ante taxa bem mais alta, de 9,81%, em 2008. Segundo Quadros, as principais razões para a deflação neste ano foram a crise internacional, que trouxe impacto direto no preço das commodities nos mercados do exterior; e a valorização do real ante o dólar norte-americano no Brasil, refletindo especialmente a saída mais rápida do País do cenário de recessão.

 

"Acho difícil uma nova deflação do IGP-M em 2010, pois acredito que estes fatores não devem se repetir", comentou Quadros. "Acho pouco provável, pois estamos num cenário de recuperação da economia brasileira e a economia mundial também deve se recuperar. Neste cenário de retomada, também deveremos ter uma recuperação nos preços de commodities", salientou.

 

O coordenador, salientou, entretanto, que não há grandes preocupações para 2010 com o surgimento de eventuais pressões significativas para os preços, tanto de atacado como de varejo. Avaliou, por exemplo, que, se isso acontecesse, os bancos centrais do globo entrariam em ação por meio de elevação nas taxas de juros de seus respectivos países e tentariam reduzir a liquidez maior que se formou depois das medidas tomadas em conjunto para o combate da crise financeira internacional.

 

Salomão Quadros não quis se comprometer com uma previsão para o IGP-M em 2010. Questionado sobre a mediana das expectativas do mercado financeiro na mais recente pesquisa Focus do Banco Central, de 4,5% para o indicador da FGV, respondeu que este seria um número "bastante possível". "Mas seria bem mais fácil de ser registrado por um indicador ao consumidor do que pelo IGP-M", ponderou, explicando que o índice da FGV tem uma abrangência maior de itens e é bem mais difícil de ser controlado com medidas de política monetária.

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