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IGP-M registra deflação de 0,47%; a maior do real

Por Agencia Estado
Atualização:

A primeira prévia da inflação de junho, medida pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) registrou queda de 0,47%, o mais baixo índice do período de estabilidade econômica pós-real. Foi um recuo de preços influenciado, principalmente, pelas variações negativas no atacado. Mas, pela primeira vez no ano, o item alimentação apresentou deflação (-0,11%) também no Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Um bom sinal, mas que ainda não garante uma nova deflação no cálculo fechado de junho, repetindo o resultado de maio (-0,26%). Também é insuficiente para assegurar queda na taxa de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem, na avaliação do economista Salomão Quadros, que coordena a pesquisa do IGPM, calculado pela Fundação Getúlio Vargas. O resultado ficou abaixo das expectativas de mercado, que projetava, para a primeira prévia do mês, taxa entre zero e -0,40%. A deflação, verificada no comportamento dos preços entre 21 e 30 de maio, deixou de ser apenas o reflexo de fatores de oferta, como queda do câmbio, aumento da safra e baixa dos combustíveis, para representar também o efeito do desaquecimento da demanda. ?Uma comprovação disso foi a deflação no preços dos produtos siderúrgicos no atacado?, disse Quadros. O aço, produto largamente usado, entre outros, na indústria automobilística e de eletrodomésticos, vinha registrando alta de preços e influenciando o efeito em cascata também no varejo. Nesta prévia, os preços no atacado caíram 0,10%. ?Isto pode estar adicionando, ao comportamento dos preços, um componente de demanda, hoje desaquecida?, diz Quadros. Ele reconhece que a eventual manutenção dos juros em 26,5% este mês ?vai aumentar o desaquecimento?, mas pondera que ainda não há sinais suficientes que garantam a decisão do Banco Central pela redução. "O Banco Central olha a inflação como um todo, com mais peso nos preços ao consumidor e no núcleo da inflação", disse, acrescentando que, no acompanhamento semanal dos preços no varejo, ainda não está muito claro se a inflação ao consumidor está realmente em queda. O Índice de Preços por Atacado (IPA), que tem o maior peso (60%) na formação do IGP-M, mostrou que os produtos agrícolas continuam em queda e que a redução nos preços industriais já é generalizada, abrangendo 14 dos 18 gêneros pesquisados. O resultado da primeira prévia do IPA foi de -0,83%. Variação mais baixa que esta só ocorreu há mais de sete anos, em outubro de 1995, com -0,92%. Quadros destacou como um sinal positivo do IGP-M a correção das altas que vinham sendo verificadas no atacado, resultado principalmente do câmbio e do comportamento dos preços dos combustíveis. "É uma reação saudável, mas no IPC o comportamento dos preços ainda está muito descoordenado, talvez seja uma questão de tempo a definição dessa tendência", disse.

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