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IGP-M tem maior expansão em 3 anos e atinge 0,98%

Além do aumento nos produtos agrícolas, os industrializados passaram a pressionar o índice, que deve ser levado em conta na reunião do Copom

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast) e Flavio Leonel
Atualização:

Os preços dos produtos industrializados deixaram de contribuir com taxas negativas para a inflação em agosto. Com isso, a alta dos agrícolas ficou sem contraponto na formação da média de preços e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) aumentou 0,98% no mês ante 0,28% em julho, divulgou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi a taxa mais elevada desde agosto de 2004, quando houve variação de 1,22%. ''''O pico da alta dos agrícolas se deu em agosto, mas os preços que puxavam para baixo, como os industriais - e aí entram óleo combustível, querosene para aviação e outros derivados de petróleo -, que estavam sem pressões ou com pequenas quedas, passaram a pressionar a inflação'''', explicou o coordenador técnico da FGV, Salomão Quadros. O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, disse que o resultado é mais um ingrediente a ''''ser considerado'''' pelos membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em sua próxima reunião, na semana que vem. A surpresa com a taxa soma-se à recente turbulência no mercado internacional e ao resultado do IPCA-15 de agosto, que subiu 0,42% e também ficou acima das expectativas do mercado, de alta de 0,25% a 0,34%. De qualquer forma, o IGP-M do mês não foi capaz de modificar a projeção de Campos Neto para o Copom de setembro - ele espera corte de 0,25 ponto porcentual. Mas reforçou sua estimativa de que, a partir de outubro, a taxa Selic deixará de ser reduzida. Assim, ele estima que a Selic vai terminar 2007 em 11,25% ao ano. O resultado de agosto reflete o repasse do câmbio mais elevado para os preços de produtos comercializáveis e os valores mais altos das commodities no mercado internacional, conforme avaliação da economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi. Ela destaca que essa junção foi determinante para a alta do IGP-M. ''''Esse misto de pass-through (repasse), em relação aos comercializáveis, e o momento de preços mais elevados das commodities, como trigo e a soja, motivaram a elevação mais forte'''', disse a economista, que havia projetado variação de 0,70%, para o indicador. O segmento de óleos e combustíveis teve aumento médio de 5,16% em agosto ante 0,33% em julho. O álcool etílico hidratado, que no mês passado estava em queda de 10,85%, teve redução menor em agosto, de 3,32%. Para Quadros, esse é um dos vários produtos que passaram a contribuir menos no contraponto às altas dos alimentos. E o comportamento dos alimentos, segundo ele, tem várias justificativas: entressafra de carnes, grãos que sobem sazonalmente no segundo trimestre, aumento da demanda interna por força da maior renda e questões com origem no mercado internacional, entre outras. O preço do milho, que tinha caído 1,31% em julho, aumentou 6,34%. ''''A queda do preço do milho em julho foi puxada pela safrinha de inverno, que já responde por quase 30% da produção anual do grão'''', disse Quadros. Agora, esse impacto acabou e o valor da saca voltou a subir - em 12 meses a alta é de 31,66%. De acordo com ele, isso está associado à maior demanda pelos Estados Unidos para a produção de etanol.

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