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IIF prevê aumento de capital externo no Brasil em 2016 com melhora da situação política

O relatório ressalta que o objetivo do ajuste é restaurar a credibilidade no tripé da política econômica: a meta de inflação, taxas de câmbio flexíveis e disciplina fiscal

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e correspondente
Atualização:
Várias vezes o ex-presidente Lula pressionou a presidente Dilma para que nomeasse Meirelles para conduzir a política econômica Foto: Dida Sampaio/Estadão

A melhora da situação política e o maior comprometimento com o ajuste econômico do presidente em exercício Michel Temer estão fazendo o Brasil voltar a atrair a atenção de investidores estrangeiros, avalia o Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo, com sede em Washington. Em relatório divulgado nesta quinta-feira, 14, o IIF prevê aumento dos fluxos de capital internacionais para a economia brasileira em 2016 e vê impacto limitado da saída do Reino Unido da União Europeia no país.

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"O ajuste na política econômica conduzido pelo governo de Michel Temer tem sido um fator essencial para reduzir o medo dos investidores e aumentar as entradas de capital", afirma o IIF. O relatório ressalta que o objetivo do ajuste é restaurar a credibilidade no tripé da política econômica: a meta de inflação, taxas de câmbio flexíveis e disciplina fiscal. Além das medidas de ajuste, o IIF ressalta que a melhora das contas externas brasileiras é outro fator positivo.

"Após um período de fuga de capital, as entradas se recuperaram", afirma o IIF. O documento não cita números específicos do Brasil, apenas da América Latina. A região deve receber US$ 221 bilhões em fluxos externos privados, acima dos US$ 198 bilhões de 2015, considerando os investimentos externos diretos e aplicações em renda fixa e ações. As projeções de fluxos para a região tiveram melhora em 2016 por conta principalmente do Brasil, afirma o IIF.

A previsão do IIF é que os fluxos de capital no segundo semestre para o Brasil sejam beneficiados pela melhora da perspectiva de crescimento econômico e ainda pelo "carry trade" originado do adiamento da alta de juros nos Estados Unidos. Enquanto o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve demorar mais para elevar os juros, o Banco Central do Brasil, ao contrário, pode demorar um pouco mais para reduzir as taxas, o que deve fazer os investidores buscarem ganhos com esse diferencial.

O economista-chefe do IIF, Charles Collyns, destacou em uma teleconferência hoje que a continuidade da entrada de recursos externos para o Brasil e outros emergentes que estavam em situação econômica e política muito ruim, como a Argentina e a Rússia, vai depender do governo de Temer continuar com uma agenda de melhora da política econômica para estabilizar a situação doméstica.

O IIF prevê que os fluxos externos de capital para o Brasil em 2017 devem ter novo aumento, caso a política econômica de Temer não sofra reveses. O maior risco para as previsões, ressalta o documento, é o avanço da Operação Lava Jato, que pode trazer instabilidade política adicional em Brasília. Outro risco é uma piora da economia mundial, o que tornaria o ajuste doméstico no Brasil mais difícil.

O contágio do Brexit no Brasil tem sido pequeno, ressalta o IIF. Uma das razões é que os fluxos de comércio entre a economia brasileira e britânica é pequeno, menos de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). A melhora doméstica associada ao aumento da perspectiva de que o Fed vai demorar mais para subir os juros também limitou o contágio financeiro. O documento cita ainda que o fato de o Brasil ter alto volume de reservas internacionais também é um fator para limitar o impacto do Brexit.

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