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Imagem de Duhalde despenca

Por Agencia Estado
Atualização:

Menos de dois meses depois de ter assumido governo argentino, o presidente Eduardo Duhalde enfrenta uma grave queda da popularidade, já escassa, que possuía antigamente. Segundo uma pesquisa da Catteberg e Associados, a imagem ?positiva? de Duhalde caiu de 29% em janeiro para 21% em fevereiro. Simultaneamente, a imagem negativa passou de 24% para 35%. A proporção de argentinos que considera a administração Duhalde como ?regular? também cresceu, subindo de 32% para 37%. A perspectiva de que Duhalde permaneça até o fim de seu mandato de presidente provisório, em dezembro de 2003, é vista como remota por grande parte da população. Segundo a pesquisa, a proporção de pessoas que acredita que ele não concluirá o mandato é de 43%. Somente 40% considera que o presidente chegará até dezembro do ano que vem. O pessimismo também se alastra pelo país, sem que o governo possa detê-lo. Para 51% dos argentinos a situação do país vai piorar no futuro próximo. Outros 24% consideram que a situação permanecerá igual. Somente 19% têm confiança de que virá uma melhoria. Enquanto a imagem positiva de Duhalde despenca, o consumo dos argentinos também cai pela ladeira. Segundo a consultora Latin Panel, em janeiro o consumo despencou 19% em comparação com o mesmo mês do ano passado. O motivo seria o da remarcação de preços, que soma-se à recessão, que dura mais de três anos e meio, além do aumento do desemprego. Sem Suco e Vinho A queda do consumo registra-se sem interrupções há oito meses. Por este motivo, os argentinos tiveram que passar o sufocante verão deste ano com menos refrigerantes sucos e água mineral, cujo consumo despencou 12,7%, segundo a consultora Home Research & Analysis. Os argentinos tampouco poderão afogar suas tristezas no tradicional vinho local, já que o consumo de bebidas alcóolicas sofreu um duro golpe, caindo 10,1%. Os produtos de higiene e limpeza tiveram uma queda de 5%. A população está irritada com o desabastecimentos de alguns produtos, especialmente os lácteos, e com a remarcação dos alimentos da cesta básica, que subiram entre 10% e 40%, em média. O governo, no entanto, deixou claro que não poderá intervir para impedir estes aumentos. Neste domingo, o chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich, afirmou que o governo ?não possui condições fiscais para absorver qualquer tipo de aumento de preços?. Segundo Capitanich, ?temos que ser absolutamente austeros na execução do Orçamento deste ano. Temos que fazer um grande esforço para atender a problemática social do país nestes momentos, e por isso não podemos financiar ou subsidiar determinados tipos de empresas?. Piquetes Para complicar o cenário social do país sob a administração de Duhalde, desde domingo à tarde, centenas de desempregados realizam piquetes em diversas estradas do país. Os piquetes, organizados por desempregados que pedem trabalho e comida, se estenderão ao longo de hoje (terça-feira) e somente terminariam amanhã (quarta-feira), quando milhares de manifestantes marchariam em direção à Praça de Mayo, na frente da Casa Rosada, a sede do governo. A maior parte dos piquetes está prevista para a área da Grande Buenos Aires, região do país que até os anos 60 foi o cordão industrial mais poderoso da América do Sul. No entanto, nos últimos 40 anos, as sucessivas crises econômicas transformaram essa área ? a mais povoada do país ? em um amontoado de decadentes municípios, onde o desemprego se alastra rapidamente. Segundo o secretário da Economia da província de Buenos Aires, Mariano West, o desemprego em várias áreas do antigo cordão industrial atinge 30% da população economicamente ativa. Em outubro do ano passado, o desemprego no mesmo território era de 21%. ?Na Grande Buenos Aires existem municípios economicamente paralisados, cujas atividades econômicas foram fulminadas em dezembro e janeiro?, lamenta West. Leia o especial

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