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Imigrantes argentinos são bem recebidos na Espanha

Por Agencia Estado
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Daniela Camino viu sua caixa de mensagens no correio eletrônico lotar diariamente desde que na Argentina, seu país natal, a crise econômica se tornou mais aguda e a violência eclodiu nas ruas. "Chegam e-mails para mim o tempo todo, pedindo-me que lhes conte como é o panorama aqui. Seis pessoas que conheço chegaram na semana passada. Quatro outros conhecidos virão no próximo mês. Todo o mundo está vindo", diz a imigrante de 28 anos em um café da rua Funcarral, perto da empresa de publicidade americana em que trabalha. Atraídos pela língua e pela nova prosperidade espanhola, em contrate com a situação em que vive a Argentina, os argentinos estão abandonando seu país em massa, indo para a Itália e para a Espanha - apesar de o desemprego espanhol ser oficialmente de 15%, contra 18% na Argentina. Na primeira metade do século XX, centenas de milhares de espanhóis emigraram para a Argentina fugindo da pobreza, fome e guerra civil, em busca de melhor sorte em um país considerado um dos dez mais ricos do mundo, então ao lado do Canadá. Quando a estudante de sociologia Yamila Lujá chegou há nove meses à Espanha, foi imediatamente para Salamanca, a duas horas de automóvel de Madri, para conhecer a casa de sua bisavó. Já a estilista de moda Graciela Chaia só abandonou a Argentina em 27 de dezembro, após a violência nas ruas ter deixado 28 mortos e mais de 200 feridos, com uma sucessão de curtos e instáveis governos. Em Madri, ela conseguiu emprego de atendente num restaurante argentino e persuadiu seus pais a virem para a Espanha em dezembro. Preferência - Embora ter um pai ou avós espanhóis permita a qualquer cidadão estrangeiro obter cidadania, Chaia espera obter licença para trabalhar porque descende dos judeus expulsos da Espanha em 1492. A Espanha "está trazendo de volta as pessoas que expulsou", disse Chaia, cujo bisavô emigrou da Síria para a Argentina. Os acordos entre Espanha e Argentina dão preferência de emprego para os argentinos em relação aos cidadãos de outros países, segundo a advogada de imigração María Luisa Fernández. No entanto, a maioria dos empregos oferecidos estão na agricultura, na indústria e nos serviços, enquanto os migrantes argentinos são graduados em profissões liberais ou técnicas. Fernández, que recebe dez novos clientes argentinos a cada semana - mais do triplo em relação a um ano atrás - disse que quase todos eles são "pessoas com elevado nível de instrução e excelentes qualificações profissionais. Seus currículos são melhores do que o meu". A situação argentina piorou tanto que muitos descendentes de galegos, uns 200.000, pensam até mesmo em voltar à região de seus antepassados, apesar de ser tradicionalmente uma região de emigrantes e uma das mais pobres da Espanha. O ministro de Emigração da Galícia, Aurelio Miras Portugal, esteve em Buenos Aires esta semana para falar em 50 centros galegos e advertir as pessoas de que "isto (a Galícia) não é um El Dorado". Leia o especial

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