
09 de abril de 2016 | 22h00
Para muitos haitianos, o terremoto de 2010 representou um agravamento das condições de vida – no dia do tremor, Vito não reconhecia mais a rua onde morava e só conseguiu encontrar a família três dias depois. Ele só conseguiu um emprego precário numa rodoviária. Nem sempre recebia o salário. “Eu só quero voltar para o Haiti para passear. De certa forma, para mim, o Brasil não está ruim”, diz. Lá deixou a mãe, o pai e a irmã.
No início da década, no período em que o Brasil emergia como uma nova potência e se orgulhava da situação de pleno emprego, milhares de imigrantes fizeram a trajetória de Vito. Na época, o risco de uma deterioração do mercado de trabalho parecia distante.
“Em 2014, estávamos vivendo uma fase bem interessante. Às vezes, fechávamos os meses com 600 vagas. Hoje, a realidade é bem diferente: no primeiro trimestre, 153 pessoas foram contratadas”, diz Ana Paula Caffeu, coordenadora do Eixo Trabalho, responsável pela mediação entre os imigrantes e empresas que buscam mão de obra.
Os números oficiais também mostram que a economia brasileira ganhou ares de decadência para os imigrantes. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Previdência Social, em 2015, foram concedidas 36.868 autorizações para trabalhadores estrangeiros. Em 2014, foram 46.740.
Com a crise brasileira, já há relatos de imigrantes que desistiram do Brasil e partiram para outros países, como o Chile.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.