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Impacto no crediário é quase zero

Com a Selic em 11,25% ao ano, juro para o consumidor será de 131,87%, uma diferença de 0,27% ante a atual

Por Nilson Brandão Junior e Vera Dantas
Atualização:

A queda da taxa básica do juro terá repercussão mínima nos planos de crediário do varejo. ''''A redução é importante para o consumidor do ponto de vista psicológico, porque ele toma decisões em cima de expectativas, mas afetará pouco o valor das prestações no crediário'''', diz o vice-presidente da Associação Brasileira dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. Com uma taxa básica de 11,25% ao ano a taxa média de juros de mercado para o consumidor cai para 131,87% ao ano, o que representa uma queda de apenas 0,27% ao mês. ''''É quase nada'''', diz Oliveira. ''''As taxas continuam elevadas. Em algumas financeiras há linhas de empréstimo pessoal que atingem taxas de mais de 1.500% ao ano.'''' Ele observa que há um descolamento entre a Selic e os juros cobrados do consumidor, que embutem impostos compulsórios, inadimplência, margem do banco e despesas administrativas da operação. ''''Avariação '''' éde mais de 1.000% entre a taxa média de crédito para o consumidor e a Selic'''', compara. Para mostrar o baixo impacto do corte do juro no varejo ele cita a compra de uma geladeira de R$ 800. Financiada em 12 vezes com taxa de juro média do comércio de 5,99% ao mês o produto sairá por R$ 1.144,44, dividido em prestações de R$ 95,37. Com a nova Selic, a mesma geladeira custará se parcelada em 12 vezes R$ 1.143,12. Cada prestação com taxa de juro média de 5,97% será de R$ 95,26. Em resumo, a redução da prestação será de R$ 0,11 ou R$ 1,32 no total, ao fim de 12 meses. Na compra de veículos o corte é um pouco maior. Ao financiar em 60 meses, por exemplo, um carro de R$ 25 mil, o consumidor terá redução de R$ 3,88 na prestação, o que vai representar um total de R$ 232,80. CHEQUES A queda dos juros do cheque especial nos últimos dois anos foi de 6,8%. Em setembro de 2005, quando a Selic começou a cair, ela estava em 148,75% ao ano e chegou a 139,24% em julho, num recuo de 9,5 pontos porcentuais. No mesmo período, a taxa básica da economia teve uma queda proporcionalmente muito maior. Passou de 19,5% para 11,5%, um recuo de 8 pontos porcentuais, o equivalente a 41%. ''''Um dos motivos para isso é a falta de garantia no cheque especial. Mas os bancos lucram muito com isso e aproveitam o argumento da falta de garantias para cobrar taxas abusivas'''', diz o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. Segundo ele, o repasse aos juros bancários é bem inferior à queda da taxa Selic. O executivo explica que os efeitos da redução da taxa básica não são integralmente repassados ao tomador final de recursos. ''''O crédito no Brasil ainda é muito caro e de curto prazo'''', afirma o executivo. A consultoria projeta que a taxa poderá cair mais uma vez em 0,25 ponto e chegar a 11% até o fim do ano. Em dezembro, diz Rodrigues, o Banco Central faria uma espécie de parada técnica. O economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Nicola Tingas, explica que o crédito do cheque especial embute um risco mais alto. Ele cita que nos últimos anos houve maior ingresso das classes de renda C, D e E no consumo e em crediários. Tingas cita que muita gente que não era ''''bancarizada'''' está entrando na carteira de crédito, o que significa um risco maior. ''''Os bancos operam aqui e no mundo de forma muito cautelosa'''', diz ele. Os juros médios para o consumidor caíram de 62,1% para 47%, entre setembro de 2005 e julho de 2007, com base nos dados disponíveis no Banco Central. O recuo foi de 15 pontos porcentuais, o equivalente a praticamente um quarto da taxa original, em setembro de 2005. Já na taxa média para empresas a diminuição foi de 33,3% para 23% na mesma base de comparação, ou de 10,3 pontos, o que representa quase um terço da taxa no início do período.

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