Publicidade

Impasse do gás será definido por Kirchner e Morales

A decisão foi tomada após o insucesso das discussões, na última segunda-feira, entre o governo boliviano e um dos homens fortes do governo argentino

Por Agencia Estado
Atualização:

Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Argentina, Néstor Kirchner, se encontrarão no próximo dia 29 para discutir a cobrança do preço do gás, comprado por Buenos Aires de La Paz. A decisão foi tomada após o insucesso das discussões, na última segunda-feira, entre o governo boliviano e um dos homens fortes do governo argentino, o Ministro do Planejamento Federal, Julio De Vido. A Argentina importa atualmente 7,7 milhões de metros cúbicos diários de gás. O país paga US$ 3,20 por milhão de BTU (unidade de medida do gás). Semanas atrás, Kirchner havia declarado que concordava com um aumento do preço, mas que este não fosse além de US$ 4,50, valor que definiu como "razoável". Nas últimas discussões em La Paz, o governo argentino teria cedido um pouco mais, aceitando a faixa de US$ 5. No entanto, o vice-presidente boliviano, José García Linera, encarregado das negociações, afirmou que a Bolívia pretende o preço de US$ 5,50. Atualmente, a Argentina compra da Bolívia um máximo de 7,7 milhões de metros cúbicos diários (no total, os argentinos consomem 130 milhões de metros cúbicos diários). Volumes e prazos Além do preço, a reunião de cúpula presidencial tentará definir os volumes e prazos para o abastecimento de gás. O governo Kirchner pretende convencer Morales a elevar o atual volume de 7,7 milhões de metros cúbicos para 20 milhões diários. Nos próximos anos a Argentina precisará um maior volume de gás importado para abastecer seu setor industrial, que está em expansão graças ao reaquecimento da economia. Kirchner também pretende obter uma ampliação do prazo, já que os contratos com a Bolívia vencem no fim deste ano. O governo argentino deseja ampliar os contratos para um prazo de até cinco anos. A Bolívia também quer que a Argentina deixe claro no acordo a ser assinado que não revenderá parte do gás boliviano para o mercado chileno. O motivo desse impedimento é que a Bolívia reivindica o território de Antofagasta, de propriedade boliviana até a Guerra do Pacífico (1879-83). Graças ao conflito bélico, o Chile conquistou e anexou essa região, retirando da Bolívia seu acesso ao mar, fato que - segundo historiadores e economistas - colaborou no empobrecimento boliviano. A recuperação desse território tornou-se uma bandeira do governo Morales, que ambiciona conseguir avanços nas reivindicações usando o comércio do gás (produto inexistente no território chileno) como elemento de pressão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.