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Impasse faz crescer pessimismo com acordo Mercosul e UE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um senso de urgência, acompanhado de um crescente ceticismo, vem marcando as negociações para se chegar um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia (UE). A data limite para que os dois lados consigam acertar os ponteiros e é o final de outubro, quando termina o mandato dos atual comissariado europeu para negociar com o bloco sul-americano. No papel, parece tempo de sobra. Mas na prática, como atestam fontes próximas às negociações, trata-se de um prazo exíguo, levando-se em conta que o órgão executivo europeu praticamente paralisa as suas atividades em agosto, pico das férias de verão na Europa. Além disso, a maior parte dos comissários europeus, com poder político reduzido, estará aprontando suas malas para deixar seus cargos. Nas declarações públicas, os negociadores dos dois lados ainda mantêm uma retórica otimista. Mas nos bastidores, há um ambiente de incerteza sobre a possibilidade de se avançar a ponto de garantir um acerto, mesmo que numa versão ´light´. Esse clima ficou claro durante uma reunião de dois dias realizada nesta semana em Bruxelas entre os dois lados, na qual os técnicos esmiuçaram as ofertas para os setores de serviços, investimentos e compras governamentais. O Mercosul continua mantendo a sua posição de que a oferta da UE para o setor agrícola, seu grande foco de interesse, é insuficiente. Os europeus, do seu lado, afirmam que foi substancial a sua melhora na oferta de acesso aos produtos agrícolas apresentada ao Mercosul numa reunião realizada em Bruxelas. Na estratégia européia, cabe ao Mercosul melhorar substancialmente a sua oferta de acesso aos setores de serviços, investimentos e, principalmente, compras governamentais. Na visão da UE, continua cabendo ao Mercosul "estabelecer o grau de ambição de um acordo, que tem que ser o mais elevado possível". Negociações difíceis Diante desse cenário preocupante, a próxima reunião do Comitê Bi-regional Mercosul/UE, que será realizada entre os dias 19 e 23 de julho em Bruxelas, é vista como crucial. Fontes do Mercosul consideram que o encontro terá que resultar num acordo básico, para que haja tempo para a formatação de um tratado até outubro. A esperança é que a proximidade da data limite para um acordo poderá ter o efeito de aparar arestas que no momento parecem intransponíveis. Essas fontes admitem, no entanto, que a saída talvez seja estabelecer um acordo limitadíssimo, ou ´super light´, ou até mesmo apenas um pacote que garanta que as negociações e propostas apresentadas até agora não sejam simplesmente zeradas com a posse dos novos comissários europeus em novembro. Como disse um negociador do Mercosul, "daqui a pouco a prioridade poderá deixar de ser o acordo, mas apenas a sobrevivência das negociações".

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