Publicidade

Impasse nos Estados Unidos breca emissão de títulos brasileiros

Situação prejudica empresas, que ficam sem referências para buscar recursos mais baratos no exterior

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e BRASÍLIA
Atualização:

A crise nos Estados Unidos, causada pelo impasse sobre o abismo fiscal, fechou a "janela de oportunidade" a emissões internacionais, na avaliação do Tesouro Nacional. Ainda que isso não seja um problema para a gestão da dívida brasileira, deixa empresas às escuras para buscar recursos mais baratos no exterior. A emissão consiste em o governo vender títulos da dívida no mercado internacional para pagar juros menores e tornar o prazo de pagamento mais longo. Quando o País faz uma ação como essa, acaba fornecendo parâmetros, como taxa de juros e de retorno para o investidor, para as companhias também se arriscarem nesse mercado a um custo mais baixo. A maior competitividade do setor produtivo é palavra de ordem no governo neste momento que pretende deslanchar os investimentos. Há um mês, o Tesouro enxergava uma brecha para operar no exterior ainda em 2012. O principal balde de água fria, porém, veio da indefinição da economia americana. "A gente não tem bola de cristal e dependemos das condições externas. Há incertezas nos Estados Unidos com o problema do abismo fiscal", pontuou o coordenador de Operações da Dívida Pública, José Franco de Morais. Além disso, como nos demais negócios, os investidores mínguam com a proximidade do fim do ano. "Não quer dizer que não possa haver emissão, mas não é o melhor momento para captações externas", considerou Morais. Essa pausa não é necessariamente um problema para o Tesouro administrar a Dívida Pública Federal (DPF), pois deve cumprir todas as metas fixadas para o ano. O total de DPF estava em R$ 1,965 trilhão em novembro, abaixo do teto de R$ 2,05 trilhões dado como referência. O órgão também se considera vitorioso por ter ampliado ao longo do ano a quantidade de títulos da dívida que têm o porcentual de correção conhecido no momento da compra, os prefixados. Eles representam agora 39,56% do total da dívida. Outro grupo de papéis que ganhou mais fatia desde então foi o dos indexados à inflação, que agora chegam a 33,76%. Na outra direção, caiu o volume de títulos atrelados à Selic. O governo tinha esse objetivo de redução para tornar a dívida menos sensível a mudanças de política monetária. Se no começo de 2012 a parcela da DPF corrigida por esse indicador era de 30,14%, em novembro passou para 22,08%. Em todos os casos, os porcentuais estão enquadrados nos parâmetros definidos pelo próprio Tesouro no início do ano. A única meta ultrapassada foi a do prazo médio da dívida, que chegou a 3 anos e 361 dias, e o máximo era de 3 anos e 292 dias.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.