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Importação chinesa de soja terá menor aumento em 6 anos

Por NAVEEN THUKRAL E NIU SHU
Atualização:

As importações chinesas de soja vão crescer no ritmo mais lento em seis anos neste ano comercial, com a demanda vacilante e as baixas margens de esmagamento reduzindo as compras do maior importador do mundo, segundo pesquisa da Reuters. A China, que compra 60 por cento da soja negociada no mundo, deve importar 61 milhões de toneladas no ano até setembro de 2013, um ganho de apenas 3 por cento ante o ano anterior --o volume ficaria 3 por cento abaixo da estimativa do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA). As importações de soja pela China, junto com as expectativas de uma grande produção na América do Sul no começo do ano que vem, podem pressionar ainda mais os futuros na bolsa de Chicago. O mercado recuou mais de 20 por cento desde que atingiu máxima recorde de 17,9475 dólares por bushel em 4 de setembro. "Estamos muito pessimistas quanto à demanda", disse Li Jianlei, pesquisador sênior da COFCO Futures, unidade da trader estatal COFCO. "Eu acho que a demanda do setor de criação animal vai cair após o Ano Novo Lunar." Os futuros da soja em Chicago recuaram para mínima de cinco meses na semana passada, conduzidos pelas notícias de importadores chineses cancelando 600 mil toneladas de soja dos EUA após uma queda nos preços tornar as compras desvantajosas. CRESCIMENTO DA IMPORTAÇÃO MAIS BAIXO DESDE 2006/07 As importações chinesas de soja cresceram mais de 13 por cento no ano até setembro de 2012. O crescimento deste ano de cerca de 3 por cento, de acordo com estimativa média de 15 analistas e traders, será o mais baixo desde 2006/07. O aumento nos preços de importação neste verão no hemisfério norte contribuíram para as perdas na indústria de esmagamento da soja, a qual enfrenta excesso de capacidade e uma queda na demanda doméstica por produtos como óleo de soja e farelo de soja. Esmagadores estão perdendo de 200 a 300 iuans por cada tonelada de soja que processam em farelo de soja e óleo de soja. Eles têm tido perdas desde outubro. Os processadores chineses de oleaginosas vão reduzir as compras após o feriado do Ano Novo Lunar no início de fevereiro, após terem agendado grandes volumes de soja mais cara nos últimos meses. "Importações entre maio e setembro vão aumentar, mas não mais de 6 milhões de toneladas por mês, então, para todo o ano, as importações vão quase atingir as do ano passado", disse um analista do Centro Nacional de Informação de Grãos e Oleaginosas da China, que não quis ser identificado por não estar autorizado a falar com a mídia. Investidores no mercado de soja estão se preparando para uma produção quase recorde na América do Sul, que pode pressionar o mercado, dada a demanda chinesa. O Brasil, tradicionalmente o segundo maior exportador mundial, deverá produzir 81 milhões de toneladas de soja em 2013, disse o USDA, alta de 22 por cento ante as 66,5 milhões de toneladas. Já a produção argentina foi projetada em 55 milhões de toneladas, 34 por cento acima do dado do ano passado, de 41 milhões de toneladas. "Estamos em conformidade com a estimativa do USDA", disse Victor Thianpiriya, estrategista agrícola da ANZ em Cingapura, que previu importações em 63 milhões de toneladas. "Se você olhar para o ritmo das importações até agora, esse é o tipo de crescimento que você vê." Os dados do governo norte-americano mostram que a China comprou 16,4 milhões de toneladas de soja dos EUA até agora no ano comercial, que começou em 1o de setembro de 2012, 7,7 milhões de toneladas das quais foram enviadas ao país, deixando 8,6 milhões de toneladas agendadas. As importações chinesas de soja podem aumentar nas próximas semanas enquanto o país interrompe temporariamente a venda de reservas estatais para focar na estocagem de sua safra doméstica de soja. (Reportagem adicional de Mark Weinraub em Chicago)

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