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Importação de combustíveis cresce e deve gerar déficit de US$ 11,5 bilhões

Com o aumento do consumo interno de combustíveis, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) prevê que o Brasil terá um déficit externo de US$ 9 bilhões com o diesel e de US$ 2,5 bilhões com a gasolina, o que deve pressionar o resultado da balança comercial

Por Renata Veríssimo , Gabriela Vieira , Luiz Guilherme Gerbelli e com Reuters
Atualização:

A balança comercial brasileira deve sofrer mais um revés este ano. Ontem, a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, previu um aumento do déficit na balança de combustíveis este ano.A declaração de Magda foi feita para jornalistas na saída no Seminário Internacional de Biocombustíveis, promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), em São Paulo.Nas projeções da ANP, o déficit da balança de gasolina deve ficar em US$ 2,5 bilhões no fim deste ano, superior ao saldo negativo de cerca de US$ 2 bilhões em 2013. Para a balança de diesel, a estimativa é de elevação do déficit para US$ 9 bilhões em 2014, ante cerca de US$ 7,5 bilhões no ano passado."O déficit persiste porque o País está crescendo e o mercado de derivados cresce mais do que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, muito mais", afirmou Magda. Em 2013, o PIB do País teve alta de 2,3%, mas a demanda por derivados do petróleo avançou 4,6%.Para o cálculo, Magda considerou um cenário com aumento de aproximadamente 4% na demanda de derivados do petróleo, enquanto o parque de refinarias brasileiro será mantido. A executiva também aposta na similaridade de preços com os observados no último ano, mas não soube especificar qual o câmbio utilizado para o cálculo.Segundo a agência de notícias Reuters, as importações de gasolina pela Petrobrás deverão quase dobrar em 2014, com a estatal correndo para atender ao crescimento do consumo interno de combustíveis. As compras externas de gasolina estão previstas para atingir cerca de 60 mil barris/dia na média de 2014, ante 32 mil barris/dia em 2013A importação de combustíveis tem sido um dos principais fatores para o mau desempenho da balança comercial brasileira. No ano passado, o Brasil teve superávit de apenas US$ 2,56 bilhões, e a chamada conta-petróleo - que inclui gasolina, diesel e nafta, por exemplo - registrou um rombo de US$ 22 bilhões. "Existia uma expectativa de que haveria uma queda de US$ 10 bilhões nesse valor", disse José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). A redução no déficit da conta-petróleo é fundamental para que o Brasil consiga um superávit ao fim deste ano, segundo Castro. As exportações brasileiras já têm sido prejudicadas pelas crises econômicas da Venezuela e da Argentina. O preço de venda do minério de ferro - um dos principais produtos da pauta de exportação brasileira - também tem caído. O Brasil ainda enfrenta uma seca, que deve prejudicar a colheita de grãos."O cenário já não está muito bom. Um aumento do déficit da conta-petróleo não fazia parte do script", disse Castro.Resultado. Neste ano, a balança comercial acumula um déficit de US$ 5,78 bilhões. Ontem, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgou os dados das duas primeiras semanas de março, com um superávit de US$ 401 milhões. Apesar do sinal de melhora, o resultado foi insuficiente para compensar os déficits históricos da balança comercial em janeiro e fevereiro.Na avaliação do presidente da AEB, a balança deve manter superávits em março, abril e maio em razão principalmente das exportações de soja. "Não tem por que não ter superávit este mês", afirmou. "Mas não se pode falar em recuperação da balança", destacou.Em dezembro, a entidade estimou um superávit de US$ 7,2 bilhões para 2014. O número deve ser revisado para baixo. Os economistas das instituições financeiras, ouvidos pelo Banco Central para a pesquisa Focus, apostam em um superávit comercial de US$ 5 bilhões em 2014. O valor, no entanto, vem sendo reduzido. Há um mês, a projeção era de US$ 7,9 bilhões.

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