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Importação de resinas já equivale a um Comperj

Participação de resinas importadas no mercado brasileiro deve fechar o ano em 29%

Por André Magnabosco
Atualização:

A importação brasileira de resinas, utilizadas na produção de plásticos em geral, já atinge patamares semelhantes à capacidade prevista no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), aquele que será o maior polo petroquímico do País. Com a aceleração das compras externas a partir do segundo semestre, o volume de importações de polipropileno (PP), polietilenos (PE) e PVC já está na casa de 130 mil toneladas mensais, ou aproximadamente 1,5 milhão de toneladas em números anualizados. É o mesmo patamar de produção de PP e PE previsto inicialmente no Comperj, o que cria um problema duplo para a indústria nacional: encontrar mercado para a produção do novo complexo, isso em um momento no qual o produto nacional perde espaço para o estrangeiro.Com o avanço dos importados, a participação de mercado desses produtos no Brasil deve encerrar 2011 na casa de 29%. O número representa um salto de praticamente 100% em relação a 2006, quando as importações respondiam por 15% do mercado, conforme projeções da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). No ano passado, a participação ficou em 24%. Caso as projeções de executivos do setor se confirmem, a importação de resinas vai superar neste ano, de forma inédita, a barreira de 1,3 milhão de toneladas - até 2009, a importação permanecia abaixo de 1 milhão de toneladas anuais. Com isso, as importações tendem a crescer aproximadamente 13% em relação ao total de 1,2 milhão de toneladas do ano passado, enquanto as vendas internas devem apresentar retração na mesma base comparativa.A situação enfrentada pela indústria local de resinas termoplásticas, representada por Braskem e Solvay Indupa, é semelhante àquela registrada pela indústria química em geral. Segundo a Abiquim, a participação dos produtos importados no indicador de consumo aparente nacional (CAN) do setor passou de 7% em 1990 para mais de 30% este ano. Entre 1990 e 2010, as importações tiveram alta acumulada de 699,74% ante variação positiva de 57,34% na produção no mesmo período. "Vemos que as importações são responsáveis por atender todo o crescimento da demanda doméstica neste ano", destaca a diretora de Economia e Estatística da entidade, Fátima Giovanna.A indústria química representa aproximadamente 19% do total de importações realizadas pelo Brasil, segundo a Abiquim. Por isso, é um dos setores da indústria nacional que mais prejudica o saldo da balança comercial brasileira. Para este ano, a previsão do setor é de registrar déficit comercial de aproximadamente US$ 25 bilhões. O número, caso se confirme, representará um novo recorde histórico de importações, com alta de 20% em relação a 2010 e de quase 8% ante o recorde atual, de US$ 23,2 bilhões em 2008.A explicação para o maior déficit do setor é o incremento de quase 20% nas importações, que devem romper a barreira de US$ 40 bilhões. Até outubro, as importações somaram US$ 34,9 bilhões, com alta de 26,7% em relação aos dez primeiros meses de 2010. Diante do fluxo de produtos importados, a indústria química opera desde outubro do ano passado com taxas de utilização de capacidade inferiores a 90%. A situação tem origem na perda de competitividade da indústria nacional, reflexo principalmente da valorização do real. Maior petroquímica do País e única fabricante interna de produtos como polipropileno e polietileno, a Braskem tem sofrido com o avanço dos importados. No terceiro trimestre, as vendas domésticas da companhia cresceram 12% em relação ao segundo trimestre, um ponto porcentual abaixo do incremento da demanda interna no mesmo período. Na comparação com o terceiro trimestre, o indicador teve leve retração. "É a primeira vez em trimestres que tivemos estabilidade em relação ao ano anterior", diz o presidente da petroquímica, Carlos Fadigas.

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