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Importação elevará custos de usina

Argumento é de empresa que pede fim da exclusividade no fornecimento de equipamentos para obras no Rio Madeira

Por Leonardo Goy
Atualização:

Se o consórcio vencedor do leilão da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, for obrigado a importar os principais equipamentos da usina, como as turbinas, o custo total da obra pode subir cerca de 10%, disse ontem o diretor da Amazônia Madeira Energética (Amel), João Canellas, em entrevista ao Estado. A Amel é a empresa criada pela Camargo Corrêa para participar dos leilões das usinas do Madeira. Para Canellas, esse é um dos principais motivos para a suspensão dos contratos de exclusividade entre a Odebrecht e fornecedores de equipamentos instalados no Brasil. A Secretaria de Direito Econômico (SDE) decidiu suspender esses contratos há cerca de duas semanas. Atualmente, a Odebrecht tenta derrubar a medida na Justiça e também no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Canellas afirmou que esses acordos de exclusividade garantiam à Odebrecht uma margem diferenciada em relação às outras interessadas, que teriam de buscar turbinas fora do País. ''''O concorrente que não permite que os outros tenham acesso aos fornecedores nacionais poderia, em tese, entrar no leilão propondo vender a energia por um preço 10% maior e, mesmo assim, venceria a disputa'''', disse Canellas. Essa diferença de 10% no custo total da obra deve-se, segundo Canellas, ao imposto de importação que teria de ser pago para trazer as turbinas, ao custo de contratos de hedge cambial e também ao custo do financiamento. ''''Quem tiver de importar as turbinas não terá os recursos do BNDES para comprar as máquinas.'''' Segundo ele, as condições oferecidas pelo banco - juros pela TJLP mais 0,5% ao ano e 20 anos de prazo - são mais favoráveis do que as de instituições financeiras internacionais. Canellas disse ainda que, dado o porte da obra - só em Santo Antônio serão instaladas 44 turbinas do tipo ''''bulbo'''' -, mesmo se um fornecedor estrangeiro fosse contratado, ele teria de se associar a uma fábrica no Brasil para atender à demanda. A Odebrecht argumenta que seus concorrentes querem a quebra dos contratos de exclusividade para ter acesso a informações sigilosas que ela já teria passado aos seus fornecedores. O diretor da Camargo Corrêa disse que a empresa não tem interesse nessas informações. ''''As informações técnicas sobre as turbinas de que necessitamos já são públicas, estão no estudo de viabilidade (que o próprio consórcio Furnas/Odebrecht encaminhou à Agência Nacional de Energia Elétrica, Aneel).'''' O diretor da Odebrecht Investimentos em Infra-Estrutura, Irineu Meireles, rebateu as afirmações. Segundo Meireles, existem ainda fornecedores internacionais com a tecnologia para fabricar as turbinas ''''bulbo'''' que serão usadas na usina, como a japonesa Hitachi. Eles poderiam se associar com fábricas nacionais que, segundo ele, ''''estão disponíveis'''', como a Dedini e a GE Inepar.

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