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Importação sobe 20% com real forte

Exportações avançam apenas 1,8% no terceiro trimestre, na comparação com igual período de 2006

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Por Fernando Dantas , Adriana Chiarini e Jacqueline Farid
Atualização:

A valorização do câmbio e o aquecimento da demanda interna já estão afetando o setor externo da economia brasileira. O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) pela ótica da demanda mostra que as importações cresceram 20,4% no terceiro trimestre, ante 1,8% das exportações. Nos dois casos, a comparação é com o terceiro trimestre de 2006. Em 12 meses, as importações tiveram expansão de 20,4%, ante 6,4% das exportações. No ano são, respectivamente, 19,6% e 6,7%. Com o forte ritmo do consumo das famílias e dos investimentos, o País teve um pequeno déficit de financiamento no terceiro trimestre de 2007, no valor de R$ 255 milhões. Na comparação com terceiros trimestres (a única válida nesse caso), a última vez que um déficit de financiamento ocorreu foi em 2001, de R$ 11,05 bilhões. Em contraste, no terceiro trimestre de 2006 houve superávit de R$ 14,12 bilhões. Esse indicador espelha aproximadamente o saldo em conta corrente divulgado regularmente pelo Banco Central (BC), e, como ele, é condicionado por indicadores como a balança comercial e os pagamentos de juros e dividendos, entre outros. A razão básica para a mudança é que as importações estão crescendo muito mais que as exportações. Na área financeira, a conta de juros está caindo e a remessa de lucros, subindo, criando uma certa compensação entre as duas. Esses resultados mostram que a economia transitou de vez para um padrão de crescimento puxado pelo consumo interno e talvez se aproxime o momento em que o País terá de recorrer à poupança externa para manter em alta a taxa de investimentos, viabilizando um ritmo mais rápido de expansão. O consumo das famílias aumentou 6% no terceiro trimestre de 2007, comparado com igual período de 2006. É o 16º crescimento seguido nessa medida e o de maior intensidade desde o segundo trimestre de 1997 (quando foi de 6,9%). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento de 30,4% nas operações de crédito para pessoas físicas no terceiro trimestre e o aumento de 4,3% da massa salarial garantiram a continuidade do crescimento do consumo das famílias. O aquecimento da demanda e o real forte, com o aumento das importações, já se refletem na aproximação entre a taxa de poupança interna e a taxa de investimentos. Enquanto a primeira ficou entre 2,4 e 3,5 pontos porcentuais do PIB acima da segunda nos terceiros trimestres de 2003 a 2006, a diferença caiu para 1,1 ponto no mesmo período de 2007. De acordo com Cláudia Dionísio, economista do IBGE, os dados do balanço de pagamentos do Banco Central podem diferir do resultado de déficit de financiamento das contas nacionais trimestrais porque não incluem o contrabando, enquanto o IBGE estima também as importações ilegais. SETOR EXTERNO 20,4% foi o crescimento da importação no 3.º trimestre de 2007 ante o mesmo trimestre de 2006 1,8% foi o crescimento da exportação no mesmo período 9,1% foi quanto cresceu a importação no 3.º trimestre ante o 2.º trimestre de 2007 1,4% foi quanto cresceu a exportação no mesmo período 19,6% é o aumento das importações acumulado no ano 6,7% é o aumento das exportações acumulado no ano

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