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Importadores dos EUA atacam barreiras ao aço

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do American Institute for International Steel (AIIS), David Phelps, afirmou hoje que os Estados Unidos violarão suas obrigações junto à Organização Mundial de Comércio (OMC) e causarão mais danos do que benefícios aos trabalhadores americanos se impuserem novas restrições às importações de aço, ao abrigo das cláusulas de salvaguardas da lei de comércio americana (seção 201). A Casa Branca iniciou um processo de salvaguardas no ano passado, sob forte pressão do lobby protecionista da indústria siderúrgica do país. A Comissão de Comércio Internacional dos EUA julgou a ação procedente em outubro, e recomendou um menu de sanções dois meses mais tarde. O presidente George W. Bush anunciará uma decisão no início do mês que vem. Em visita a Washington, na semana passada, o chanceler Celso Lafer e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Sérgio Amaral, afirmaram que não há "um único argumento" que justifique novas restrições aos produtos siderúrgicos do Brasil no mercado americano, e alertaram a administração Bush que uma decisão prejudicial às exportações brasileiras de aços semiacabados terá conseqüências negativas sobre todas as negociações comerciais em que os dois países estão envolvidos. Esta é a terceira vez, nas últimas semanas, que uma associação representativas de indústrias consumidoras de produtos siderúrgicos nos EUA alerta o Executivo americano sobre as conseqüências legais e econômicas de uma nova ação protecionista no setor. Mas Phelps é o primeiro a afirmar claramente que a imposição de barreiras representaria uma violação da lei internacional. Segundo ele, a ilegalidade de uma nova ação protecionista americana deriva das atuais condições do mercado. Segundo ele, a indústria consumidora de aço enfrenta, no momento, uma conjuntura de redução de oferta, resultante da confluência de vários fatores: um ligeiro aumento da demanda num momento de queda das exportações para os EUA por causa da baixa de preços, a competição no mercado doméstico, a ameaça protecionista e a perda de parte da capacidade de produção interna, provocada pela quebra de algumas empresas siderúrgicas americanas. "A loucura de proteger a indústria do aço dos EUA está patente nos números", afirmou Phelps, num discurso em Londres. "Primeiro, o aço importado é necessário porque nós não produzimos o suficiente", disse ele. "Segundo, os produtores de aço nos EUA empregam menos de 200 mil trabalhadores, enquanto que as indústrias que consomem aço dão trabalho a mais de 12 milhões de pessoas". O presidente da AIIS afirmou também que a entidade apóia os esforços da administração Bush para negociar a redução do excesso de capacidade mundial de produção de aço em termos não econômicos. As negociações, que começaram em dezembro, continuarão amanhã na sede da OCDE em Paris. A posição do Brasil é que a indústria siderúrgica nacional é moderna, competitiva, não é parte do problema do excesso de produção mundial e é parte da solução da crise da indústria siderúrgica dos EUA. O argumento conta com simpatizantes no governo americano. Um deles é o subsecretário internacional do Comércio, Grant Aldonas. O presidente do AIIS foi duro nas críticas às demandas constantes por proteção da indústria siderúrgica de seu país. "Nós vimos o que a proteção fez aos produtores americanos, que foram mimados durante décadas pelo governo dos EUA com proteção e subsídios", disse ele. "A proteção simplesmente plantou a semente da rodada seguinte de demandas por mais proteção e mais subsídios quando o mercado arrefeceu; a proteção não criou uma indústria mais competitiva".

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