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Inadimplência cresce menos em julho, mas é a pior desde 2012, diz SPC

Indicador da CNDL e do SPC revela que calotes aumentaram 4,47% em julho em relação ao mesmo período de 2014; para economista do SPC, inadimplência está em alta, apesar da retração no consumo 

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Por Célia Froufe
Atualização:

BRASÍLIA - O número de consumidores inadimplentes aumentou 4,47% em julho de 2015 em relação ao mesmo mês do ano passado. De acordo com dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgados nesta terça-feira, 11, a alta foi um pouco menor do que a registrada em junho, de 4,52% e de maio, de 4,79%. Em abril, o número de consumidores com contas em atraso havia subido 5,02% nessa mesma base de comparação. Os números, segundo o SPC, são os piores desde 2012.

As entidades informaram também que o crescimento observado em julho indica uma acomodação do indicador. Na comparação com junho deste ano, a inadimplência em julho apresentou uma alta de 0,38%. No mês passado, havia cerca de 57 milhões de consumidores com o nome inscrito no SPC. 

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Já as vendas a prazo do comércio varejista caíram 3,26% em julho de 2015 em relação ao mesmo mês do ano passado. É a sexta queda consecutiva do indicador na comparação com idêntico período do ano anterior. Na variação mensal, o indicador mostra um avanço de 3,23% em julho sobre junho, neutralizando a queda de 2,77% verificada na comparação mensal de maio. 

Segundo a economista do SPC, Marcela Kawauti, a situação da economia atual é pior do que a de 2012, quando foram apresentados os piores números sobre a atividade até o momento. Ela lembrou que, naquele ano, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) era de 4% e, quando o ano terminou, a expectativa era de 1%. "Se falava em ano perdido, mal sabiam do que viria pela frente", disse.

A maior diferença, de acordo com ela, é que, apesar de haver menos contas para pagar atualmente do que há três anos e menos gente consumindo, a inadimplência está em alta. Para a economista, a base de crédito agora deve limitar o crescimento da inadimplência nos próximos meses. "Mas não é só o número, é também o contexto."

A economista do SPC Brasil destacou que o grosso das dívidas da população está nos bancos, mas que o calote tem subido mais em relação à energia elétrica e água. Segundo ela, apesar da alta das tarifas de conta e luz, o que foi mais evidente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde também foram apresentados os maiores aumentos da inadimplência, é difícil fazer uma relação direta do aumento do calote com o aumento da conta. "Na minha avaliação, está mais difícil pagar todo o tipo de conta em geral, e não só das tarifas."

Comércio. No acumulado do ano até julho, o nível de inadimplência chegou a 6,72% no comércio. As vendas do varejo registraram no mesmo período uma queda de 2,73% na comparação com idênticos meses do ano passado. Houve uma piora do volume de vendas, já que até a primeira metade de 2015 a queda era de 2,64% das vendas. 

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O presidente da CNDL, Honório Pinheiro, avalia que a diminuição da confiança do consumidor e a exigência maior da qualidade dos credores estão dificultando as vendas no varejo. "Cerca de 97% do nosso setor são formados por micro e pequenas empresas, que têm dificuldades para apresentar o que os bancos querem delas no momento de crédito, como detalhamento do balanço, por exemplo", disse. 

Pinheiro ressaltou a existência de um crédito voltado para o Microempreendedor Individual (MEI), mas esse tipo de financiamento não atende a quem fatura até R$ 3,6 milhões, que é a pequena empresa. "Temos seis meses de venda a prazo em queda. O crédito é para o varejo, assim como o sangue para o corpo humano", ilustrou. 

Para ele, um desfecho político rápido e favorável para o País será fundamental para a recuperação das vendas do varejo não apenas neste como no próximo ano. "Se houver mudança na área política, teremos dias melhores. Caso contrário, dias piores", diz Pinheiro. Segundo o presidente da CNDL, é preciso haver um processo de convergência e de credibilidade na área política. O dirigente justifica que os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro são os de maior movimento no setor, e que por isso uma solução rápida é necessária.

A economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti, salientou ainda que os ajustes deste ano, se não forem feitos em breve, poderão impactar também os resultados de 2016. Apenas levando em consideração as datas comemorativas em relação ao mesmo período do ano passado, foi registrada uma queda de 4,93% das vendas da Páscoa, de 0,59% no Dia das Mães e de 11,21% no Dia dos Pais. "Essa queda de mais de 11% é um número que já chega a preocupar o varejo porque indica já a presença do desemprego", comentou Pinheiro. 

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