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Inadimplência cresceu 8% em 2008, diz Serasa

Aumento dos juros e restrição ao crédito foram alguns dos principais motivos para a alta

Por Ana Luísa Westphalen
Atualização:

O nível de inadimplência (dívidas não pagas) do consumidor brasileiro cresceu no ano passado. O aumento foi de 8% na comparação com o ano anterior, segundo dados divulgados ontem pela Serasa, empresa de análise e informação de crédito. Em 2007, o nível de inadimplência tinha crescido apenas 1,7% em relação ao ano anterior. De acordo com a Serasa, a principal responsável pelo aumento da inadimplência foi a dívida com bancos - 43,2% dos inadimplentes tinham débitos bancários. Em seguida, vieram as dívidas com cartões de crédito e financeiras, responsáveis por 33,7% da inadimplência, os cheques devolvidos (27,2%) e os títulos protestados (2,6%). Na avaliação do assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, a diminuição da renda dos consumidores - que acabou sendo afetada pela inflação nos itens básicos - influenciou a alta do índice de inadimplência. Almeida também destacou como responsáveis pelo aumento do calote a alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, que subiu 2,5 pontos porcentuais no ano. Além disso, segundo ele, os juros cobrados no mercado, por bancos e empresas de cartão de crédito, por exemplo, subiram ainda mais, com as incertezas provocadas pelo agravamento da crise financeira global. "Isso penalizou principalmente os consumidores assíduos na utilização do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito." Os critérios mais rígidos para a concessão de crédito e o prazo mais curto dos financiamentos, também frutos das incertezas globais, foram outros fatores citados pelo economista para a inadimplência maior. Segundo ele, isso atingiu principalmente os consumidores dependentes de crédito para o pagamento de dívidas já adquiridas. MAIS AUMENTO De acordo com Almeida, a tendência para este início de ano é de mais aumento na inadimplência. Isso porque o primeiro trimestre é marcado pelo pagamento de várias contas que pesam muito no bolso, como o IPTU, o IPVA, matrícula nas escolas e compra de material escolar. Segundo Almeida, nem mesmo o 13º salário foi suficiente para aliviar o nível de inadimplência do consumidor. Em dezembro, esse índice subiu 2,5% na comparação com o mês anterior. De acordo com a Serasa, o aumento do calote é incomum nessa época do ano, quando grande parte dos brasileiros destina o salário extra ao pagamento de dívidas. Em dezembro de 2007, por exemplo, a inadimplência caiu 12,8%. O assessor econômico da Serasa atribui o aumento da inadimplência no mês a dois fatores: para alguns consumidores, as compras de Natal foram priorizadas em relação ao pagamento de dívidas, e para outros o 13º salário não foi suficiente para pagar as pendências financeiras. NÚMERO 43,2% da inadimplência detectada pela Serasa era com bancos, enquanto 33,7% era com empresas de cartão de crédito e financeiras

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